Jornal Correio Braziliense

Brasil

Moradores do Morro da Previdência Rio voltam a reformar casas

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Em regime de mutirão, os moradores do Morro da Providência, no centro do Rio, voltaram nesta quinta-feira (26/06) a trabalhar nas reformas das casas após autorização do juiz Fábio Uchôa, responsável pela fiscalização da publicidade eleitoral na capital fluminense. Uchôa embargou na terça-feira (24/06) as obras do Projeto Cimento Social sob a alegação de uso eleitoral pelo pré-candidato a prefeito da capital Marcelo Crivella (PRB). De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), o juiz autorizou os moradores e a empreiteira a terminar apenas as 30 habitações que ficaram inacabadas - 16 delas estavam sem telhado. "Ficamos felizes, pois, durante este período de até 25 dias em que vamos terminar as casas, lutaremos para que toda a obra seja finalizada", disse o encarregado da obra, Alex Oliveira dos Santos. A presidente da Associação de Moradores do Morro da Providência, Vera Melo, foi a Brasília pedir ao ministro das Cidades, Márcio Fortes, a liberação dos recursos para pagar os operários e fazer um apelo pela continuidade da obra sem a presença do Exército. Um representante da Construtora Edil, que aluga as máquinas, oferece técnicos e realiza os pagamentos aos trabalhadores acompanhou Vera na capital federal. O mutirão terminou com a disputa política que surgia entre o governo do Rio e a prefeitura pelo controle da obra. O governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) voltou a afirmar que assumiria a obra, apesar de criticar a proposta por não ter "um caráter estruturante". A assessoria da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH) informou que empresários depositaram doações que somaram R$ 95 mil na conta da associação de moradores do morro para o término das obras, mas que o secretário Macelo Garcia ficaria afastado da Providência "em respeito à decisão do TRE-RJ, que proibiu o poder público de se envolver na questão". Entre as beneficiadas pela retomada das obras, estava a dona de casa Maria Gonçalves de Albuquerque, de 26 anos. A casa de Maria estava sem teto desde a paralisação dos operários em protesto contra a morte dos três jovens moradores do morro levados por militares para traficantes do Morro da Mineira, no Catumbi (zona norte), que é dominado por uma facção rival à que controla as bocas-de-fumo da Providência. "Fiquei feliz porque colocaram o teto, mas perdi um sofá por causa da chuva. A casa está melhor do que antes", disse.