Falha médica ou falta de equipamentos são as suspeitas do Ministério Público (MP) para a causa da morte de 12 bebês no hospital da Santa Casa de Misericórdia de Belém, no Pará, no final de semana. O MP informou nesta terça-feira (24/06) que vai pedir a abertura de inquérito policial. O promotor Ernestino Silva já pediu cópia do prontuário das mulheres que deram entrada na maternidade do hospital e quer saber as providências que foram tomadas em cada situação. As informações pedidas por Silva terão de ser entregues até sexta-feira.
O Sindicato dos Médicos do Estado afirma que há um ano vem denunciando mortes de bebês, mas nenhuma providência foi tomada. O diretor da entidade, Luiz Sena, é taxativo: "O Ministério Público já conhecia o problema, os diretores da Santa Casa também. Esse não é um processo de agora. E nós não sabemos mais a quem recorrer". O que falta no hospital, diz Sena, são investimentos em saúde básica e prevenção. Sem isso, de acordo com ele, as mortes continuarão ocorrendo.
Funcionários do hospital contaram que os bebês internados enfrentam risco de morte devido à superlotação e à falta de equipamentos. Pedindo para não ser identificado, um deles disse que até respiradores são divididos entre os recém-nascidos. Para piorar, há superlotação de leitos e uma concentração exagerada de crianças da própria capital e do interior do Pará atendidas na Santa Casa.
OMS
A direção da Santa Casa afirma, em nota, que o número de óbitos está de acordo com o índice aceito pela Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 50% do total de leitos da unidade. "Essa taxa de mortalidade em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal é parâmetro internacional esperado, devido à gravidade da saúde dos pacientes atendidos pelo serviço", informa no documento.
Para a secretária estadual de Saúde, Laura Rosseti, o que houve foi uma "fatalidade". "A UTI tem 22 leitos. Foi um caso ocasional e uma concentração de casos gravíssimos." A secretária nega falta de médicos e enfermeiros para atender os bebês. "Todos foram bem assistidos", diz. Porém, parentes de bebês que morreram contestam Rosseti, afirmando que não havia médicos nem para fazer o parto, além da demora no atendimento.