Os advogados de 10 dos 11 militares presos na semana passada sob a acusação de entregarem três jovens do Morro da Providência, no centro do Rio, para traficantes de uma favela rival devem divulgar hoje um manifesto com um pedido de desculpas à população. No texto, eles acusam o segundo-tenente Vinicius Ghidetti de ser o único responsável pelo crime. A defesa do oficial rebate essa versão, alegando que pelo menos outros fatores o levaram a deixar os rapazes dentro do Morro da Mineira, na zona norte.
Além de culparem Ghidetti, os militares pedem à população que não faça ;julgamentos precipitados;. Dizem que o ;sofrimento no cárcere é grande;, mas que não se compara à dor das famílias dos três rapazes, ;que naquele fatídico dia tiveram suas vidas ceifadas por uma atitude inconcebível;. Os militares concluem o terceiro parágrafo do manifesto com uma crítica ao tenente: ;Não é o que se espera de um oficial, que naquele momento equiparou-se àqueles que torturaram e mataram estes jovens;.
Os militares concluem o texto de uma página dizendo terem certeza de que a Justiça está sendo feita e, ao final, o único responsável pelo crime e pela prisão deles será responsabilizado na forma da lei - ;dos homens e de Deus;. Pedem, por fim, a compreensão de todos e que acreditem ;em nossa inocência, na Justiça e no Exército Brasileiro;.
Desde que foram presos, essa é a primeira manifestação pública dos militares sobre o caso. Até ontem à tarde, quatro deles já haviam assinado o manifesto - o sargento Leandro Maia Bueno e os soldados Rafael Cunha da Costa Sá, Fabiano Elói dos Santos e Júlio Almeida Ré. Os nomes dos outros seis deveriam ser incluídos nesta terça (24/06).