Jornal Correio Braziliense

Brasil

MPF quer que ex-dirigentes da Funasa devolvam R$ 56 milhões aos cofres públicos

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O Ministério Público Federal no Distrito Federal (MPF-DF) entrou com uma ação de improbidade administrativa contra três ex-presidentes da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), que teriam desviado recursos públicos da estatal, entre 2002 e 2007 por meio de contratação ilegal de mão-de-obra terceirizada. Se condenados em julgamento, a ser feito na 14ª Vara da Justiça Federal no DF, os ex-dirigentes da Funasa Mauro Ricardo Costa, Valdi Bezerra e Paulo Lustosa podem ter que devolver aos cofres do governo R$ 56,6 milhões , além de estarem sujeitos suspensão dos direitos políticos e proibição de contratar com o poder público. As irregularidades detectadas pelo MPF-DF se referem a um contrato celebrado entre a Funasa e a empresa Brasfort. A irregularidade nasceu já na forma do edital de licitação. Foi mal redigido, com o objetivo de realizar contratação ilegal, com um limite de banco de horas que permitia um gasto muito grande, além de haver aumentos contratuais logo após a licitação. A empresa teve três sucessivos aumentos de preço, afirmou Agência Brasil a procuradora da República Raquel Branquinho, que assina a ação. Segundo a procuradora , por se tratarem de serviços que fazem parte da atividade-fim da entidade, a terceirização preenchia algo que deveria ser feito por servidores concursados e era usada para favorecer interesses particulares dos administradores da Funasa. Os terceirizados indicados pela cúpula teriam atuado em áreas estratégicas como licitações e gestão de convênios, sem nenhum tipo de controle sobre os serviços executados. A procuradora ressaltou o caso de um funcionário, que fora contratado pelo então presidente da Funasa, Paulo Lustosa, através da Brasfort. O terceirizado teria viajado indevidamente, como se fosse funcionário público, bancado pela Funasa, e tempos depois se tornou assistente parlamentar do filho de Lustosa, que se elegeu deputado federal. A gente vê realmente uma manipulação na contratação de pessoas, que pudessem atender aos expedientes de quem estava dirigindo o órgão. São procedimentos irregulares. O gestor tem que se pautar pela impessoalidade, argumentou Raquel Branquinho. A procuradora alega ainda que os salários pagos aos terceirizados eram superiores aos recebidos por servidores de carreira e também aos praticados no mercado, o que caracterizava a existência de um plano de cargos e salários paralelo. O contrato entre a Funasa e a Brasfort saltou de R$ 260 mil reais mensais, em 2003, para mais de R$ 2 milhões por mês em 2006 .