Estudo feito pela Escola Politécnica da Universidade São Paulo (Poli-USP) para identificar metodologias capazes de medir a quantidade de ruído transmitida pelos fones de ouvido indica que até 12% das pessoas que usam fones para trabalhar sofrem de alguma perda auditiva. No entanto, devido à falta de tecnologia disponível para medir o nível de ruído, que pela lei não deve ultrapassar 85 decibéis até oito horas de exposição e 87 decibéis até seis horas de exposição, as empresas não têm como avaliar se estão dentro do determinado pela lei. Conseqüentemente, os empregados prejudicados não conseguem provar, na Justiça, a procedência dos problemas de audição.
"Faltam no Brasil procedimentos e metodologias legais para avaliar se o som emitido está dentro de níveis seguros", afirma o engenheiro eletricista e de segurança do trabalho mestre em Engenharia pelo Departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo da Poli-USP, Jair Felício. De acordo com Felício, as normas consideradas mais eficientes para a medição, as da série Organização Internacional de Normalização (ISO, na sigla em inglês) 11904, são de difícil aplicação prática. "Além de cara, é muito complexa de ser executada, pois exige profissionais altamente capacitados para lidar com os equipamentos sofisticados de medição".
A série ISO 11904 inclui duas formas de medição de ruídos - uma utiliza um pequeno microfone instalado entre o ouvido do usuário e o fone de ouvido. "O equipamento desse pequeno microfone, porém, é muito grande, o que dificulta seu transporte." A outra forma de medição utiliza um manequim com fones de ouvido, que é colocado no mesmo local que o trabalhador, e também é inserido um microfone entre o fone do boneco e seu ouvido. "Imagina termos que levar um manequim dentro de uma mina, é inviável", ressalta Felício.