Jornal Correio Braziliense

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HC de SP conhecia riscos em fiação antes de incêndio

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Sete meses antes do primeiro incêndio no Prédio dos Ambulatórios, a direção do Hospital das Clínicas (HC) sabia que os cabos elétricos estavam velhos e cobertos por substância inflamável. Limpar a fiação ou trocá-la custaria quase R$ 7 milhões. E o reparo não saiu do papel. Segundo laudo do Instituto de Criminalística (IC) da Secretaria da Segurança Pública, a substância nos fios pode ter sido responsável por propagar o incêndio que deixou mais de 4 mil sem atendimento, no Natal. Em março de 2007, o HC pediu à empresa de engenharia ambiental SDM do Brasil avaliação dos cabos. Em 15 de maio, a SDM enviou seu parecer, atestando que a fiação oferecia risco. ;Foi constatado que muitos cabos estão contaminados externamente por um material cuja composição revelou ser constituído por um poliéster sintético;, diz o relatório. ;Esse material vem se depositando sobre os demais cabos de conexão elétrica e sobre outros equipamentos. Assim, torna-se necessária a sua remoção.; Na semana passada, o IC entregou seu laudo ao Ministério Público Estadual (MPE) com duas hipóteses - fenômeno termoelétrico ou causa externa de combustão. Os peritos encontraram a mesma substância, resultado da deterioração do revestimento plástico. Concluíram que isso contribuiu para que o fogo se propagasse - um corte nos cabos ou um fósforo aceso seria suficiente para incendiar o poliéster. A Assessoria de Imprensa do HC informou que o superintendente José Manoel de Camargo Teixeira não se pronunciará até a conclusão da investigação interna do hospital, que deve durar até a semana que vem. Em depoimento ao MPE em 6 de maio, dois ex-funcionários do HC disseram que a limpeza dos cabos não foi feita ;pelo princípio da razoabilidade e da boa administração;. Eles afirmaram que os cabos de outro prédio do HC estão na mesma situação. O promotor de Habitação e Urbanismo José Carlos de Freitas acredita que o HC pode ser acusado de negligência.