Os operários contratados para trabalhar na recuperação das 780 casas no Morro da Providência, na região central do Rio de Janeiro, dentro do Projeto Cimento Social, decidiram nesta quinta-feira (19) continuar a obra pelo menos por mais 45 dias "em prol da comunidade". Segundo o líder dos operários, o encarregado da obra Alex Oliveira dos Santos, os 75 funcionários permanecem até o final da recuperação de 20 casas que estão destelhadas.
"Depois, não sei. A população não quer mais a presença do Exército aqui. Estão com medo, são muitas reclamações. Muitos soldados ficam mexendo com as mulheres que passem indo para o trabalho. Ninguém gosta. Vamos também esperar a decisão da Justiça sobre a retirada das tropas", disse. Alex informou ainda que os funcionários da obra devem fazer amanhã uma passeata em protesto pela morte dos três moradores do morro..
O projeto Cimento Social é um acordo de cooperação técnica entre os ministérios das Cidades e da Defesa, previsto no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A relação dos militares com a comunidade está estremecida após a morte de três jovens da favela, no fim de semana. Abordados pelos soldados, eles teriam desacatado os militares e, como punição, entregues a traficantes rivais do Morro da Mineira, na zona norte da cidade, onde foram mortos. Onze militares acusados do crime estão presos desde domingo no 1º Batalhão de Policiamento do Exército, na Tijuca.