Em 2007, 1.330 pessoas foram mortas por policiais no estado do Rio de Janeiro. O número é 25% superior que o total de 1.063 registrado em 2006. O Rio de Janeiro aparece com 902 casos de mortes em confronto com a polícia em 2007 contra 673 em 2006. Até março deste ano, o índice no estado é de 358 vítimas.
Para o subprocurador geral de Justiça de Direitos Humanos do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, Leonardo Chaves, os índices preocupam não apenas por serem elevados, mas porque revelam que o nível de violência, mesmo com a ação policial, não tem diminuído. Segundo ele, os dois tipos de crime que mais assustam a população roubo e furto contra transeuntes registraram aumento de cerca de 30% em 2007 e continuam a crescer em 2008.
A maioria das mortes registradas durante ações policiais, de acordo com Chaves, se concentra na área periférica da cidade. Ele afirma que essa população, considerada mais carente, enfrenta um processo de intimidação provocado por autoridades inclusive pelo Exército brasileiro. Podemos até questionar a eficácia da política de segurança no estado do Rio de Janeiro.
Chaves acredita que a presença de militares no Morro da Providência abre espaço para questionamentos e reforça que, durante todo o período de ocupação do local, não houve nenhuma explicação razoável por parte das autoridades federais que sustente a medida.
O subprocurador lembra que visitou a comunidade em janeiro e que já naquela época, ouviu relatos de moradores sobre o comportamento e a conduta dos militares. Ele garante ter comunicado o Comando Militar Leste, por meio de ofício, alertando para a problemática da ocupação do morro pelas Forças Armadas.