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Fiação desgastada propagou fogo no HC-SP, indica IC

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Quase seis meses depois do incêndio que atingiu o Prédio dos Ambulatórios do Hospital das Clínicas de São Paulo, no dia 24 de dezembro, o Instituto de Criminalística (IC) entregou o seu laudo pericial ao Ministério Público Estadual sem uma conclusão e com duas possíveis hipóteses para o fogo. Mesmo sem apontar culpados, os peritos encontraram dois fatores preponderantes para o incêndio que deixou mais de 4 mil pessoas sem atendimento em pleno Natal - fios desgastados e falta de segurança. Segundo o órgão da Secretaria da Segurança Pública, as chamas podem ter sido causadas por um fenômeno termoelétrico (provocado por um superaquecimento ou até pelo corte de cabos elétricos) ou por uma causa externa de combustão (como um fósforo ou um cigarro). Sem apontar se o incêndio foi proposital ou não, no entanto, o laudo de 81 páginas mostra fatores que foram essenciais para que ele de fato ocorresse. Em primeiro lugar, as salas do Prédio dos Ambulatórios eram extremamente vulneráveis, sendo possível a entrada sem controle de qualquer funcionário ou mesmo de pessoas de fora do hospital. "Constatamos serem rotineiramente utilizadas como locais de repouso e fumódromos", escrevem os peritos Edgard Engelberg, Paulo Roberto Biscegli, Jayme Telles e Geraldo Gomes de Moura. Assim, alguém poderia facilmente ter jogado uma bituca de cigarro no chão, cortado os fios para roubá-los ou até jogado um fósforo na fiação. "Nessas condições estava comprometida a segurança dessas áreas essenciais de continuidade operacional das atividades hospitalares." Além disso, a análise da fiação elétrica indicou 'o envelhecimento dos cabos, com o conseqüente comprometimento das propriedades isolantes'. IPT - Em março, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) do governo do Estado também soltou um laudo pericial sobre as possíveis causas do incêndio de dezembro e afirmou que ele foi iniciado 'provavelmente pelo corte de fios elétricos'. O laudo afirma ainda que 'não se pôde comprovar que o incêndio foi deliberadamente provocado'. Ainda segundo a avaliação do IPT, não houve evidência de falhas da administração.