O Exército deteve 11 militares suspeitos de entregar três jovens presos por desacato no Morro da Providência, no sábado (14/06), para traficantes rivais do Morro da Mineira, no Rio. O grupo está em prisão administrativa no Comando Militar do Leste (CML). A Polícia Civil deve pedir ainda a prisão temporária dos militares, que participam da ocupação da Providência. Os corpos dos jovens foram achados neste domingo (15/06) no Aterro Sanitário de Gramacho, um lixão de Duque de Caxias (Baixada Fluminense).
Em depoimento ao titular da 4ª Delegacia de Polícia, delegado Ricardo Dominguez, alguns dos suspeitos teriam confessado o crime. De acordo com o delegado, no grupo há um oficial, três sargentos e sete soldados. Segundo a polícia, os corpos de Wellington Gonzaga Costa, de 19 anos, Marcos Paulo da Silva Correia, de 17, e David Wilson Florêncio da Silva, de 24, foram achados mutilados e com marcas de tortura por catadores de lixo.
Este é o momento mais tenso desde que o Exército ocupou o Morro da Providência em dezembro de 2007 para a reforma das fachadas das casas, previstas no projeto Cimento Social. A obra com recursos do Ministério das Cidades saiu após emenda do Senador Marcello Crivella (PRB), candidato à Prefeitura do Rio.
O CML abriu Inquérito Policial Militar para apurar o caso. O Exército confirmou que os jovens foram abordados por uma patrulha do Grupamento de Unidades-Escolas da 9ª Brigada de Infantaria Motorizada, perto da Praça Américo Brum, no alto do morro, e detidos por desacato às 8 horas de sábado. Os três foram levados ao quartel do Exército em Santo Cristo, interrogados e liberados, pouco depois de meio-dia, segundo CML. Os nomes dos militares não foram revelados.