O sargento do Exército Laci Araújo, que assumiu ser homossexual em entrevista para a imprensa, está sofrendo abusos e maus-tratos na carceragem da Polícia do Exército (PE), em Brasília, onde está preso. As acusações são do companheiro, o também sargento Fernando Alcântara.
Araújo foi preso na madrugada da quarta-feira (4) acusado de deserção depois que ele e Alcântara assumiram na imprensa que vivem juntos há mais de dez anos. No dia seguinte, o militar foi transferido para Brasília e ficou internado no Hospital das Forças Armadas (HFA). Ele alega que sofre de problemas emocionais graves e que o Exército não aceita seus laudos médicos.
Alcântara afirma que um acordo que definiu a permanência do sargento no HFA - firmado entre o Exército e o senador Eduardo Suplicy - não foi cumprido e que ele foi levado para a carceragem da PE na sexta-feira (6). Na prisão, segundo Alcântara, ele vem sofrendo torturas psicológicas.
Ele é revistado várias vezes ao dia, precisa tirar toda a roupa e fazer agachamento como se fosse um presidiário. Mas ele não é criminoso, está preso sob acusação de deserção e isso é totalmente arbitrário, alega o sargento.
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do Exército disse que as acusações são infundadas.
Ainda segundo Alcântara, o sargento está proibido de receber medicação de uso contínuo e não pode receber visitas de médicos ou dentistas civis. O médico que está cuidando dele, com autorização do Exército, não é especialista e não receita a medicação que ele precisa, alega.
Alcântara disse que vai entregar ainda hoje (8), durante a 1ª Conferência Nacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais, um documento a Marisa Fernandes, membro do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) para falar sobre a situação.
Alcântara afirmou que vai entrar com pedido de habeas corpus e que espera a liberação do sargento Laci Araújo ainda esta semana .