O secretário estadual de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, disse nesta terça-feira (03/06) que, se for preciso, vai fazer uma limpeza na polícia para expulsar os soldados ligados a milícias. ;Se tivermos provas, é lógico que vamos fazer isso, não tenha dúvida. Prendendo e botando na rua o mau policial, nós estamos valorizando o bom policial;, afirmou.
Segundo ele, só na sua gestão já foram expulsos mais de 200 policiais militares e que pretende prender as lideranças da milícia que atua na favela do Batan, em Realengo, Zona Oeste da cidade, e não apenas os níveis inferiores da organização. O grupo formado por policiais e bombeiros é acusado de ter seqüestrado e torturado uma equipe do jornal O Dia que estava fazendo uma reportagem na comunidade.
Ele defendeu a criação de uma vara de Justiça especializada no crime organizado. ;Nós precisamos ocupar territórios em que o estado não vai, a não ser com o braço armado da polícia. Precisamos ter no Rio de Janeiro uma vara de Justiça de crime organizado;, confirmou.
Beltrame recebeu os deputados federais Marina Maggesi (PPS-RJ), Raul Jungmann (PPS-PE) e Neilton Mulin (PR-RJ), da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, que foram buscar informações sobre as investigações do caso. Depois da reunião, Jungmann, que preside a comissão, disse que a apuração está adiantada e que os criminosos devem ser presos em breve.
O secretário de Segurança assegurou que está muito próximo de apresentar inclusive quem foi o mandante do crime. Ele já tem informações dos aparelhos GPS (localizadores via satélite) dos carros policiais que transitaram no local e sabe que tem envolvimento de policiais.
Ameaça à democracia
Segundo Jungmann, existem cerca de 100 grupos de milícias atuando no Rio de Janeiro. ;A população fica imprensada entre o narcotráfico e a milícia. Ambos são crime que têm que dar lugar segurança pública e ao Estado de Direito, através da força regulada pela lei;, afirmou o deputado.
Para o parlamentar, o caso ameaça a democracia, na medida em que se tenta calar e impedir a imprensa de relatar a situação vivida pelas comunidades do Rio de Janeiro.
O crime contra uma repórter, um fotógrafo e um motorista do jornal O Dia ocorreu duas semanas atrás, mas só foi revelado no último sábado, para não atrapalhar as investigações. O grupo estava vivendo disfarçado na favela do Batan para mostrar como era a vida de uma comunidade dominada pela milícia.