Jornal Correio Braziliense

Brasil

Grupo de índios é fotografado pela 1ª vez no Acre

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Fotografias de um grupo isolado de índios na Amazônia foram divulgadas pela primeira vez por um funcionário da Funai nesta qyunta-feira (29) , que sobrevoou a região em uma missão financiada pelo governo do Acre. "Resolvi fazer a divulgação porque os mecanismos [para proteger essas populações] não têm servido. Ou a opinião pública entra nisso ou eles vão dançar", disse o organizador da missão e coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental da Funai, José Carlos dos Reis Meirelles Júnior. O grupo fotografado é o maior dos quatro isolados que existem apenas no Acre. Segundo Meirelles, há registro da presença deles na região desde pelo menos 1910. "Não sei nada deles, e a idéia é continuar não sabendo", diz Meirelles. As fotos mostram as malocas do grupo e índios pintados com urucum. Uma delas registrou o momento que membros do grupo tentam acertar o avião do fotógrafo com flechas. "Enquanto eles estiverem nos recebendo a flechadas, e eu já levei uma na cara, estarão bem. O dia que ficarem bonzinhos, já eram...", disse Meirelles. Vulnerabilidade Segundo Meirelles, os índios que vivem na fronteira do Acre com o Peru estão sob ameaça de brancos brasileiros "ainda", mas ressalta que não há como separar os impactos numa área de fronteira. "Tudo o que foi feito de ruim com as cabeceiras desse rio, exploração de madeira, petróleo, garimpo, tudo vai parar no Brasil. Está mais do que na hora de fazer alguma coisa." As fotografias foram divulgadas pela Survival International, que apóia a política da Funai para povos isolados de "nunca fazer o contato, apenas demarcar a área e deixá-los em paz". Meirelles diz que duas terras indígenas já foram demarcadas sem que fosse feito contato, e uma terceira nessa mesma situação está prestes a ser feita. Para a ativista da Survival Fiona Watson, o contato não só violaria os direitos dos índios, já que eles escolheram permanecer isolados, como poderia ser fatal.