Jornal Correio Braziliense

Brasil

Cannes premia atriz brasileira e o filme 'Entre les Murs'

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Walter Salles e Daniela Thomas olharam-se no palco do Grand Théâtre Lumière com cara de quem se pergunta - ;Será que ouvimos direito?; - quando Jean Reno, chamado a apresentar o prêmio para a melhor atriz do 61º Festival de Cannes, que terminou no domingo (25/05), anunciou que o troféu ia para Sandra Corveloni, por Linha de Passe. O filme que o diretor tantas vezes chamou carinhosamente de ;pequeno; já havia sido muito bem recebido pela crítica internacional, mas faltava o aval do júri presidido por Sean Penn, e ele veio sob a forma de um prêmio para a atriz de teatro que faz sua estréia no cinema interpretando a mãe de quatro filhos (grávida do quinto). Salles e Daniela subiram ao palco, ambos muito emocionados. Salles agradeceu a contribuição de Sandra, dizendo que ela foi realmente uma mãe para os quatro jovens atores. Daniela, falando em português, disse que a atriz vencedora não pôde vir a Cannes por causa de uma gravidez interrompida, mas seria muito importante, num momento destes, receber reconhecimento por uma entrega que foi tão visceral. Em 1986, a jovem Fernanda Torres recebeu esse mesmo prêmio, pela participação em Eu Sei Que Vou Te Amar, de Arnaldo Jabor. O momento do Brasil ocorreu logo no começo da cerimônia de premiação, e foi comovente pela felicidade da dupla de diretores, mas a apoteose veio no fim, quando Robert De Niro, chamado para entregar a Palma de Ouro, perguntou ao presidente do júri qual era o vencedor e Sean Penn disse que, por unanimidade, o prêmio ia para... Entre les Murs (The Class), de Laurent Cantet. Entre les Murs foi o último filme exibido na competição. Passou no sábado pela manhã, para a imprensa, e à tarde teve a sessão de gala, coroada por mais de dez minutos de aplausos que foram ficando ritmados. A decisão do júri foi muito bem recebida no palais e na Sala Debussy, de onde a imprensa acompanhava a cerimônia.