Em cinco anos, os picos de congestionamento da capital paulista devem acabar. Pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral de Minas Gerais, entre 2004 e 2007, mostra que os períodos de lentidão da manhã e do horário do almoço têm se prolongado, em média, 15% ao ano. Assim, em 2013 os picos devem estar bem próximos, formando um congestionamento contínuo.
Para o engenheiro responsável pela pesquisa, Paulo Resende, vai ser difícil o paulistano fugir do caos. Por quatro anos, ele e uma equipe de engenheiros cronometraram o horário de pico em quatro das principais vias da Cidade: as Avenidas dos Bandeirantes e 23 de Maio, Marginais do Tietê e do Pinheiros.
Em 2004, o relógio dos pesquisadores registrou que o congestionamento da manhã na Av. dos Bandeirantes levava 1h30 para se dissipar. No ano passado já eram 2h35. No início do estudo, a situação na Marginal do Tietê, que já era preocupante, piorou: as 2 horas evoluíram para 2h43. Segundo Resende, o aumento observado no período da manhã está ocorrendo também no pico da tarde. "A distância média entre o fim de uma lentidão e o início da outra é de 1h30, em média", disse. "Estimo que daqui a 5 anos, quem sobrevoar as principais avenidas de São Paulo vai observar a mesma situação das 7h às 19h."
O pesquisador na área de transporte do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), Alexandre Gomide concorda com Resende quanto à tendência de aproximação dos picos de congestionamento. Para ele, uma das soluções seria restringir o transporte individual. "O espaço viário é escasso e precisa ser controlado." Ele teme que, se nada for feito, quando São Paulo 'parar' as pessoas irão em busca de soluções individuais. "Isso já ocorre: os mais ricos trocam carros por helicópteros. Os mais pobres chegam a se ajeitar na rua ou em albergues para não enfrentar o trânsito."
Mesmo para quem não acredita num colapso, como o professor do curso de engenharia de Transportes da USP, Jaime Waisman, o futuro não parece muito animador. "Parar não vai, porque nos próximos anos teremos a conclusão do Rodoanel e da linha 4 do Metrô. Mas o trânsito de São Paulo nunca será normal."