Jornal Correio Braziliense

Brasil

Manifestantes fazem protesto contra homicídios no Recife

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O tempo amanheceu nublado neste feriado de quinta-feira (1), mas quem saiu de casa para ir até a Praia de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, se deparou com um protesto contra o alto número de homicídios em Pernambuco. O Movimento Rio de Paz ; Recife colocou 500 sacos plásticos pretos no tamanho de uma pessoa para representar as vítimas da violência. Até esta quarta-feira (30), foram contabilizados 1.511 assassinatos no estado. Durante o protesto, as pessoas foram convidadas a assinar um abaixo-assinado solicitando a implantação de 15 medidas para reduzir os índices de violência, como policiamento ostensivo e a determinação de metas de redução de mortes durante operações policiais. A expectativa do movimento é recolher um milhão de assinaturas em todo o país. Depois disso, o documento será entregue ao Presidente da República, ao Ministro da Justiça e aos governadores. Insegurança Nesta quarta-feira (30), uma pesquisa revelou que o recifense não confia na policia, não se sente seguro na cidade, tem medo de sair e não voltar para casa por conta da violência, mudou de hábitos por causa do medo e aprova a prisão perpétua e a pena de morte. Esse foi o perfil traçado pelo estudo Termômetro da insegurança e vitimização na cidade do Recife, divulgado pelo Instituto Maurício de Nassau. O levantamento aponta dados alarmantes, como o fato de 64,2% dos entrevistados afirmarem conhecer alguém que já foi assassinado. Os resultados, que vêm a público um ano depois do lançamento do Pacto pela Vida - programa do governo estadual com o intuito de reduzir em 12% o número de homicídios em Pernambuco - mostram que a insegurança da população continua marcante. Cerca de 44,5% dos 795 entrevistados no estudo afirmaram ter sido vítimas de assaltos em vias públicas e 54,7% não consideram nenhum bairro do Recife seguro. A pesquisa aponta ainda que a população não acredita na polícia: 79,8% dos entrevistados consideram que a polícia não consegue proteger a população. O descrédito se confirma entre as vítimas de agressões. Delas, 72,8% admitiram não ter procurado a polícia. Entre as pessoas que conhecem alguém assassinado, 82,5% afirmaram que a a polícia não prendeu o autor do homicídio.. De acordo com o coordenador do Instituto Maurício de Nassau, Sérgio Murilo, quanto menor a renda dos entrevistados, mais pessoas eles conhecem que foram vítimas de homicídios. ;Isto mostra que a população carente é a maior vítima da violência no Recife;, disse. Os pesquisados que ganham acima de 10 salários mínimos conhecem menos pessoas vítimas de homicídios (17,5%). Por outro lado, 71,1% e 71,2% dos entrevistados enquadrados nas faixas de rendimento de 1 a 2 salários mínimos e de 3 a 5 salários mínimos, respectivamente, afirmaram ter conhecido alguém que foi assassinado. Os quase 800 entrevistados da pesquisa, que durou um mês, foram escolhidos aleatoriamente. ;Fizemos perguntas como você já foi assaltado em via pública?, você conhece alguma vítima de homicídio?, você já sofreu agressão física? para fazer um panorama da violência e da insegurança na capital;, completa o cientista político Adriano Silva, coordenador da pesquisa. O estudo será encaminhado para o Governo do estado e para a Prefeitura do Recife, para que possa ser utilizado em políticas públicas de combate à violência.