A primeira geração de caprinos transgênicos da América Latina nasceu no mês passado no Laboratório de Fisiologia e Controle da Reprodução (LFCR) da Universidade Estadual do Ceará e servirá para estudos que visam desenvolver novos medicamentos. A experiência tem como objetivo obter uma cabra que produza em seu leite uma proteína - conhecida como hG-CSF (fator estimulante de colônias de granulócitos humano) - usada na produção de remédios para tratar vários tipos de imunodeficiência, como aids, e para uso em pacientes submetidos a rádio ou quimioterapia.
Uma primeira tentativa de obter o animal transgênico foi feita em 2006, mas ele morreu por causa de uma infecção. A experiência foi repetida com sucesso em 2007 e, no mês passado, 23 crias nasceram em Fortaleza. A equipe verificou a presença do DNA transgênico em três cabritos, o que coloca o Brasil no seleto grupo de países que dominam a técnica.
O exame de DNA que fez a detecção dos transgênicos foi realizado no próprio laboratório da Uece, em atividade liderada pela pesquisadora Luciana Melo. As amostras das orelhas dos 23 cabritos, nascidos entre os dias 10 e 20 de março, foram enviadas para o Laboratório de Animais Transgênicos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para contraprova.
A construção do DNA que está sendo aplicado nas cabras foi inicialmente testada com sucesso em camundongos na UFRJ. "Alguns animais transgênicos apresentaram a proteína no leite", disse Freitas. Segundo ele, a transgenia foi obtida pelo método de microinjeção pró-nuclear da construção de DNA. O projeto custou R$ 1 milhão, financiado pela Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio). Mais R$ 3 milhões para a continuação da pesquisa nos próximos três anos estão em negociação com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e com o Ministério da Ciência e Tecnologia