A PF (Polícia Federal) prendeu 48 pessoas pela Operação Auxílio-Sufrágio, nesta quinta-feira, e desmontou uma organização criminosa que há seis anos cometia fraudes contra a Previdência Social no Espírito Santo. O líder do esquema, o deputado estadual Wolmar Campostrini (PDT-ES), não foi detido por ter foro privilegiado, mas assessores, funcionários e uma filha do parlamentar aparecem entre os presos.
Segundo a PF, a quadrilha, que atuava desde 2003, deu aos cofres públicos foi de R$ 5 milhões nos últimos seis meses. "Desde 2003 recebemos denúncias anônimas esparsas ligadas ao deputado. No ano passado, porém, conseguimos indícios firmes de que ele liderava o esquema, e então passamos a investigar e calcular o montante das fraudes", explicou à *Folha Online* a delegada Andreia Cristina de Vasconcelos Canal, chefe da delegacia da PF de Repressão a Crimes Previdenciários.
Ao todo, 300 policiais federais e dez servidores do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) cumpriram 48 mandados de prisão --de um total de 50 expedidos pela Justiça-- e 59 mandados de busca e apreensão no Espírito Santo.
O objetivo da quadrilha, segundo a PF, era receber benefícios previdenciários de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez. As investigações revelaram que tudo começou quando Campostrini ainda era médico perito do INSS e conseguia os benefícios fraudulentos em troca de fidelidade de possíveis eleitores.
Quando foi eleito, o deputado pediu licença do cargo, mas continuou a usar sua influência e contatos no órgão para sustentar a fraude. No processo, a quadrilha usava laudos falsos conseguidos através de médicos particulares e posteriormente homologados por médicos peritos do INSS.
De acordo com a PF, dos 48 presos 17 são beneficiários decorrentes de fraude, dez servidores públicos, cinco funcionários administrativos, cinco médicos peritos, cinco médicos particulares, além de despachantes previdenciários (que cuidavam dos documentos entre as partes) e pessoas ligadas ao deputado, como assessores e empregados da clínica particular dirigida pela filha dele, Fernanda Campostrini, também detida --é na clínica em que os laudos frios eram produzidos.
"Por enquanto, conseguimos comprovar que 17 beneficiários tinham consciência da fraude. Temos outros 300 sob investigação, que na próxima semana passarão por uma junta médica para nova perícia", explicou Andreia.
Entre os crimes cometidos pelos presos estão estelionato, formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, advocacia administrativa e envio de dados falsos ao sistema de informação.
Cada um será indiciado após a análise do material apreendido, como computadores disquetes e documentos do INSS encontrados fora das dependências oficiais.
O trabalho foi realizado pela Delegacia de Repressão a Crimes Previdenciários da Polícia Federal no Espírito Santo, pelo Ministério da Previdência Social, por meio de servidores que compõem a Força-Tarefa Previdenciária no Espírito Santo, Procuradoria Regional da República.