São Paulo ; Eram 9h da noite quando estava sozinho no apartamento fechando mais uma matéria do caso Isabella. Apesar de morar numa área barulhenta, próximo à Avenida Paulista, o silêncio imperava em casa. De repente, tive a sensação de que a cadeira de escritório, com rodinhas, que estava sentado, fora empurrada rapidamente para frente. Olhei para trás, achando que houvesse alguém em casa. Não havia nenhuma pessoa. Virei para frente do computador e percebi que a mesa estava balançando. Imaginei que a cadeira havia batido na mesa. Uma estante de armar que uso para guardar os meus vinis também sacudia em silêncio. Ainda assim não passou pela minha cabeça que poderia ser um terremoto. Quinze minutos depois, desci para ir à academia e o porteiro do prédio me perguntou assustado se eu havia sentido a terra tremer. Disse que "sim" e só a partir daí fiquei preocupado. Nunca havia sentido sensação semelhante. Nasci e cresci em Belém do Pará e meus pais sempre contavam uma história que, na década de 70, a terra tremeu ao ponto de derrubar as panelas no chão. Achava que havia um pouco de folclore, já que não é comum ver e sentir o chão sacolejar.
Ao passar pela Paulista rumo á academia, percebi que o chão havia tremido mais na rua do que no apartamento em que moro, no oitavo andar. Apesar da hora, algumas lojas ainda estavam abertas e as pessoas se aglomeravam na rua e se perguntavam, apavoradas, o que havia acontecido. Ninguém sabia dizer ao certo. Os executivos que transitam pela calçada também tentavam entender a origem do tremor. Na saída da estação do metrô, mais populares demostravam medo. Na academia, só se falava nisso. Quando descobri que o terremoto foi de 5,2 graus de magnitude na escala Richther, concluí que o que aconteceu não vai ser esquecido facilmente.