Tampas de garrafa, embalagens de salgadinho e brinquedos de criança. São em locais improváveis como os citados acima que o mosquito da dengue costuma esconder seu exército - os ovos - como se realmente estivesse se preparando para uma guerra. Uma luta que pode ser vencida pela sociedade com armas simples: atenção máxima e medidas preventivas. Durante todo o dia de hoje, agentes de saúde ambiental e equipes da vigilância sanitária transmitiram essas informações aos moradores de áreas do Recife com fortes suspeitas de focos da doença. As atividades fizeram parte do mutirão de plantão montado pela Ouvidoria Municipal de Saúde e pelo Disk-Dengue da Secretaria Estadual de Saúde (SES).
A meta das equipes de plantão era inspecionar um total de 400 imóveis durante o feriadão, dando preferência aos locais onde os proprietários não puderam ser identificados em operações realizadas em dias de semana. "Nós recebemos algumas denúncias e não pudemos apurar pois os moradores estavam em horário de trabalho. Só podemos vistoriar com a autorização do proprietário e por isso voltamos no fim de semana", esclareceu a gerente da vigilância de saúde da Prefeitura do Recife, Fátima Araújo. Ela informou que algumas solicitações recebidas pela Ouvidoria foram feitas pelos próprios moradores, que tinham dúvidas, e outras chegaram como denúncias de vizinhos.
Quando viu os agentes de saúde na comunidade do Capilé, em Água Fria, a dona de casa Rosineide Dias Bastos pediu que sua residência fosse inspecionada. Mãe de dez filhos com idades entre 4 e 21 anos, ela desconfiava que uma das filhas do meio, Janeide, 11, tenha sido contaminada pelo vírus da dengue em casa. "Ela começou a ter febre e muitas dores no corpo. Por isso a levei ao hospital, onde ela ficou internada e a dengue foi confirmada. Como alguns vizinhos também estavam doentes, achei que o foco estivesse por aqui", disse. Realmente, os fiscais encontraram várias possibilidades de criadouros para o mosquito no quintal da casa de Rosineide. Por sorte, não houve tempo para a formação de nenhum foco.
"Ela mantinha muitos recipientes com a tampa para cima, como baldes e bacias, além de garrafas e brinquedos largados pelo quintal. A dengue se abriga nos locais mais improváveis. Basta o espaço para formar uma pocinha d;água", ressaltou a gerente de vigilância, Yara Barreto. Ela alertou os moradores sobre a importância da limpeza e da varrição de áreas abertas para remover objetos que possam acumular água, como copos descartáveis, garrafas e sacolas plásticas. "O lixo é um grande vilão e o mosquito precisa apenas de oito dias para eclodir. Então, as áreas precisam ser limpas com freqüência para evitar a evolução", destacouo.
No final da visita dos agentes, Rosineide disse que aprendeu o que deve fazer para manter o mosquito longe e assumiu o compromisso de transmitir os ensinamentos aos vizinhos. "Minha filha já está melhor, mas não quero mais levar um susto desses. Vou limpar o quintal todos os dias e deixar os objetos sempre cobertos", garantiu. O mutirão de combate à dengue terá continuidade amanhã com inspeções e atividades educativas em comunidades da Iputinga e de Dois Unidos.