Eu, Estudante

Saúde emocional da criança deve ser fator importante na escolha da escola de seu filho

Próximo ano ainda será de incertezas. Escolas e famílias devem se adaptar ao novo normal, que promete prolongar a hibridez do ensino

O isolamento social afetou não apenas a aprendizagem dos jovens, mas também o desenvolvimento emocional, psíquico, social e físico dos estudantes. Depois de meses longe das salas de aula, muitos retomaram o ensino presencial há pouco e alguns, só retornarão no ano que vem. Por isso, é importante dar especial atenção às emoções dos estudantes.

“Somos seres sociais e, assim, estar nas escolas faz com que os estudantes estejam inseridos num mundo de aprendizagens que transcendem os conteúdos dos livros e lousas, que vão para o desenvolvimento de se viver em sociedade, fazer amigos, reconhecer competências e valores, entre outras situações essenciais à vida”, define o educador Tiago Aquino.

Tendo isso em vista, ele defende que as escolas precisam trabalhar, além da educação, com a assistência social e saúde. É necessária uma avaliação diagnóstica dos estudantes e acompanhamento do aprendizado e de suas necessidades, sejam elas educacionais, sejam socioemocionais. Atenção especial aos professores também é necessária neste período de excepcionalidade (leia mais nas páginas 30 e 32).

“Cada criança, ao chegar à escola, já carrega em si uma história e experiências sobre o mundo. A adaptação e o acolhimento são necessários, estão inter-relacionados e devem ser priorizados nesse momento. A adaptação é trazer as novas relações, limites e regras para a nova escola e o acolhimento consiste em fazer a criança se sentir bem, segura, amada e protegida na nova estrutura, valorizando a socialização e as trocas entre educadores e crianças”, explica o especialista.

Ele defende que atividades extracurriculares são de fundamental importância no processo de ensino-aprendizagem e devem ser mais estimuladas pela escola e pais neste momento. “Não acredito que essa ação vá suprir o que não foi aprendido em 2020, mas, sim, pela bem valia no desenvolvimento integral do sujeito”, ressalta.

Aprendizados

Os dois filhos de Alexandre Arci, 40 anos, estudam no Marista João Paulo II. Alexandre Júnior, 12, e Mariane, 9, voltaram às atividades presenciais das escolas em outubro, quando a família percebeu a curva de casos da covid-19 diminuindo. O assessor de investimentos relata que os filhos ficaram entristecidos com o isolamento social, iniciado em março com a suspensão das aulas presenciais.

“Passado o primeiro mês e a indeterminação da volta, trouxe uma certa ansiedade e tristeza a eles, por não poderem confraternizar com os amigos no dia a dia. Eles tiveram de fazer uma adaptação do presencial para o virtual. Acho que todas as famílias tiveram uma certa dificuldade de adaptação, estrutura física, internet e organizações, mas, depois de uns dois ou três meses, começaram a rotina”, conta o pai.

Pisar na sala de aula e rever os amigos foi muito importante para os dois, relata Alexandre. “É como uma plantinha que volta para o Sol, é a reflexão que a gente tem. Eles estão mais tranquilos do que estavam anteriormente. De estar presente, socializando com os amigos, a gente percebe uma alegria muito intensa e uma disposição de acordar e ir para aula. Eles começaram a valorizar mais a rotina, ter os compromissos, estar na escola. Neste sentido, esse cenário foi positivo para eles.”


Cada criança, ao chegar à escola, já carrega em si uma história e experiências
sobre o mundo. A adaptação e o acolhimento são necessários,
estão inter-relacionados e devem ser priorizados nesse momento

Tiago Aquino, educador


Acolhimento

Confira dicas para a readaptação das escolas à retomada das aulas presenciais:

» Realize reuniões com os pais a fim de apresentar os novos caminhos, protocolos e organização da retomada.

» O acolhimento deve ser realizado todos os dias pelos educadores responsáveis.

» Para muitas crianças, o uso de objetos transicionais pode ser interessante nessa fase, como cobertores, ursinhos e outros.

» Incentive o brincar em todas as suas esferas, como uma experiência criativa.

» É essencial que os educadores incentivem as crianças a expressarem seus sentimentos.

» Ofereça colo e acalanto nos momentos de choro e de insegurança da criança.

» Os espaços ao ar livre e os cantos lúdicos da escola podem ser lugares de acolhimento e incentivo ao sorriso e à paz.

» Inicialmente, organize atividades já conhecidas das crianças, despertando a memória afetiva.

» Tenha atitude positiva e exponha mensagens de boas-vindas em toda a escola.

Fonte: Tiago Aquino