TURISMO NÁUTICO

MSC Grandiosa: como é o cruzeiro do maior navio a navegar pelo Brasil

O navio MSC Grandiosa chegou às águas brasileiras com o título de maior navio a percorrer o nosso litoral. O Correio foi conferir a viagem de estreia e conta tudo sobre a experiência única em alto-mar

Para quem nunca tinha feito um cruzeiro na vida, começar pelo maior navio a percorrer o litoral do Brasil foi, de fato, uma grande experiência. E não se trata de elogio, é uma constatação e os números não mentem: são 331,43m de comprimento (mesma extensão de três campos de futebol), 43m de largura (o equivalente ao diâmetro do Panteão, em Roma) e 75,5m de altura (tamanho aproximado do Taj Mahal, na Índia). As medidas sustentam 181.541 toneladas distribuídas em 19 decks (andares), com capacidade para 6.334 tripulantes em 2.421 cabines (quartos) — isso fora a tripulação, de 1.704 pessoas, vindas dos mais diversos lugares do mundo. Estamos falando do MSC Grandiosa, que estreou em águas brasileiras em novembro de 2023.

Antes de chegar por aqui, o transatlântico partiu de Gênova, na Itália, em 5 de novembro. Passou por Marselha, na França; Barcelona e Málaga, na Espanha; e Funchal, na Ilha da Madeira, em Portugal, quando iniciou a MSC Grand Voyage atravessando o Oceano Atlântico. Em 18 de novembro, atracou em Maceió e depois seguiu para Salvador, chegando ao Porto do Rio de Janeiro no dia 20. Nosso embarque aconteceu três dias depois, rumo ao litoral norte de São Paulo, com direito à excursão em Ilhabela e, depois, a Santos, para a festa de inauguração oficial no Brasil.

A cerimônia a bordo do navio, no dia 25, teve 2.800 pessoas, incluindo agentes de viagens, parceiros, colaboradores, imprensa e influenciadores digitais. Os trabalhos começaram com um pocket show de escola de samba, com direito a passistas fantasiadas. À noite, em meio a apresentações ao estilo Broadway e performances a lá Cirque de Soleil, alguns famosos se destacaram na plateia, como a ginasta medalhista Daiane dos Santos, os atores Eri Johnson e Mônica Carvalho, e os ex-BBBs André Martinelli, Gizelly Bicalho, Gustavo Benedeti (o Cowboy), Gui Napolitano e Ricardo Camargo (o Alface).

 

Na ocasião, como manda a tradição marítima, foi anunciada a madrinha do navio, que cortou a faixa inaugural. Marlene Ribeiro é a funcionária mais antiga da MSC Cruzeiros no Brasil. Ela começou a trabalhar na empresa de transporte de cargas do grupo em 1999 e foi para os cruzeiros em 2002, na abertura do escritório da MSC em São Paulo. Após as formalidades, os convidados tiveram um jantar especial, sucedido do show de música eletrônica do DJ André Marques, com direito a dois "afters", um ao ar livre na ponta do deck 16 e outro na quadra esportiva.

No dia seguinte, mal a âncora encostou no fundo do mar, o navio partiu para o primeiro cruzeiro da temporada, com seis noites para as cidades de Ilha Grande, Salvador e Búzios. Durante sua temporada pelo Brasil, que ficará aberta até março deste ano, o MSC Grandiosa fará roteiros de seis e sete noites com embarques em Santos e escalas alternadas em Búzios, Ilha Grande, Maceió e Salvador (esses dois últimos também com possibilidade de embarcação).

Lorena Pacheco/CB/D.A Press -
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Experiência

No Rio, o navio ficou atracado em paralelo ao mural Etnias, do paulista Eduardo Kobra, certificado pelo Guinness Book como o maior grafite do mundo em 2016. São 3.000m² com rostos impactantes de representantes de povos dos cinco continentes: Huli, da Nova Guiné; Mursi, da Etiópia; Kayin, da Tailândia; Supi, da Europa; e os Tapajós, das Américas. Após passar pela segurança portuária (onde chapinhas de cabelo "não passarão", mas são devolvidas depois), avistamos o imponente Grandiosa.

Em meio a registros fotográficos provocados pela admiração ao tamanho da embarcação e sua alvura emoldurada pelo céu azul (infelizmente, o único dia em que assim o vimos), os passageiros já começaram a se agitar ao ver saliente, um pouco além dos limites do navio, uma alça transparente de um tobogã verde, lá em cima, a pleno funcionamento na área de lazer aquático infantil. O Wild Forest Aqua Park, que também pode ser usado por adultos, tem 1.000m² e fica no 19º deck. Além de tobogãs e diversos brinquedos molhados, o diferencial daqui é um trajeto de cordas suspenso para a prática de arvorismo, a Himalayan Bridge, com 82m de comprimento. (Completam a oferta do navio cinco piscinas, sendo uma indoor, e nove hidromassagens).

Falando nos pequenos, o navio conta com espaços infantis exclusivos para eles, divididos por faixas etárias e com monitoria. O Baby Club, para bebês de até 3 anos, foi elaborado em parceria com a Chicco e tem banheiro adaptado, cozinha kids e brinquedos educacionais e lúdicos. Os espaços para as faixas etárias de 3 a 6 (Mini Club) e 7 a 11 (Junior Club) foram desenvolvidos em parceria com a Lego. Já os adolescentes podem frequentar o Young Club, a quem tem de 12 a 14 anos; e o Teen Club, para jovens de 15 a 17 anos. Essas áreas são equipadas com consoles de videogames, bem como uma programação com jogos e atividades interativas.

Ao lado, na Sportplex, entusiastas dos esportes não resistirão a um treino no simulador MSC Formula Racer, com dois protótipos de carro de corrida profissional disponíveis, cada um com três telões de visualização da pista. A atração é um grande diferencial, o problema é a fila e o tempo curto para dar uma volta. Enquanto a sua vez não chega, dá para conseguir alguns tickets na sala de jogos arcade (com direito a simulacros de veículos e pega-bichos de pelúcia), jogar uma partida de boliche (apesar de ter apenas duas pistas), ter uma experiência de realidade virtual no VR Maze (que infelizmente não estava disponível na inauguração), ou ainda atirar em alguns zumbis, ao estilo Mad Max, no satisfatório cinema XD. Na mesma área, está a quadra de esportes, também usada para baladas em alto-mar.

Para se exercitar, ao longo de todo deck 16 há uma pista de cooper ao ar livre, com 320m. No mesmo andar, o transatlântico oferece uma academia robusta, que a professora de plantão garante que enche pela manhã e ao fim da tarde. São 570m² equipados com aparelhos da Technogym®, além de aulas fitness, produção de palmilhas personalizadas, e até drinks sem álcool com whey protein.

Fotos: Lorena Pacheco/CB/D.A Press -
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Como não poderia faltar, há um spa a bordo, o Aurea Spa. Um gigante, com 1.100m² que ocupa quase toda a área de circulação do 7º deck. Os serviços oferecidos vão da tradicional e indispensável massagem relaxante à estética avançada, como: cortar, vestir, pentear, estilizar e barbear; maquiagem e depilação; coloração e outros tratamentos capilares; massagens e tratamentos faciais e corporais; preenchimento, tratamentos anti-idade e emagrecimento; acupuntura; embelezamento de mãos e pés; loja com venda de produtos de beleza; local exclusivo para bronzeamento.

Mas o serviço de spa realmente fora da caixinha do Grandiosa é o tour de águas termais, com uma gama de opções que estimulam diferentes sensações terapêuticas de frio e calor. A dica é pular de uma estação para outra e experimentar tudo: hidro, corredor de chuveiros contrastantes, sauna molhada e seca (finlandesa), espreguiçadeira de pedra térmica e, a cereja do bolo: uma sauna fria, congelante na verdade, com formato de iglu com uma moita de gelo disponível para passar pelo corpo. É, de fato, uma experiência interessante.

Como entretenimento, o navio abriga dois auditórios para apresentações artísticas: o Teatro La Comédie, com capacidade para cerca de 900 pessoas, onde assistimos ao show de stand up comedy de Murillo Effe, com piadas de cruzeiro; e o Carousel Lounge, teatro circular com cerca de 400 lugares e cheio de recursos cinematográficos especiais. Na viagem de estreia, fomos ver o espetáculo Sweet, exclusivo da MSC Productions at Sea, com números de música e dança e recheado de performances acrobáticas difíceis e precisas. Os aplausos foram certos.

 

Outros três chamarizes merecem destaque no Grandiosa. O espaço Infinity Atrium, que é a recepção do navio, é cercado por um par de escadas cravejadas de cristais Swarovski, iluminados no interior de cada degrau. O brilho é irresistível e, às vezes, fica bem difícil transitar por ali, pois é ponto fixo de selfies dos passageiros.

O cassino é outra prata da casa. Localizado no deck 7, a área de apostas ocupa 1.400m² e não deixa a desejar se comparado aos salões de jogos de Las Vegas. Tem maquininhas de alavanca, caça-níqueis diversas, mesas vermelhas para baralho e fichas e um grande bar central. As apostas são em dólar e liberadas, assim como a distribuição em massa de cinzeiros, apenas após o navio zarpar, já que a prática é ilegal no Brasil.

E para fechar com chave de ouro, o coração do cruzeiro é singular. Trata-se da Galeria Grandiosa, uma avenida indoor de 1.250m², entre o 6º e o 7º andares, ladeada por lojas de luxo e restaurantes, com um teto convexo de 98,5m, todo coberto com telas de LED. Nele, portanto, é possível projetar qualquer imagem, estática ou vídeo, modificando a atmosfera do ambiente de hora em hora. Flagramos, entre outras, uma cópia da Capela Sistina, bandeiras flamejantes do Brasil e uma apresentação deslumbrante, com direito a efeitos sonoros, de estrelas no espaço sideral.

Atributos

Uma vez dentro do cruzeiro, fomos logo direcionados ao hall dos elevadores e escadarias multi espelhadas em direção às cabines. O cheiro suave de tinta fresca nos conquistou ao reforçar a ideia de que entrávamos em um ambiente realmente novo. Fiquei hospedada no deck 16, com o tema René Magritte (cada andar tem o nome de um artista plástico consagrado, com informações de sua biografia e quadros que remetem à temática marítima). Meu quarto era de fácil localização, pois era próximo dessa área de trânsito entre os andares, mas teve gente que custou para encontrar o seu. Também pudera, não é difícil de se perder num navio desse porte. São corredores e mais corredores, estreitos e com tapetes que repetem o padrão de estampa. Um labirinto luxuoso fechado e com placas numéricas nem sempre tão sequenciais assim.

Após certa dificuldade em abrir a porta de entrada da cabine, que é bem pesada, o interior agradou muito: cama de casal, carpete, sofá amplo, banheiro e guarda-roupas em tamanho razoável, varandinha com cadeiras e mesa com vista para o mar. Fiquei numa cabine conjugada, que possui porta privativa para acesso ao quarto do lado.

Mas o navio tem acomodações para muitos gostos (e bolsos). As mais baratas são as internas, ou seja, sem vista para o oceano. Tem ainda opção só com janela e como a que estive, com varanda mobiliada. As camas são sempre de tamanho solteiro, mas se convertem em formato casal se colocadas juntas pela equipe de hotelaria. Há cabines só com chuveiro, banheira, hidro privativa, beliche suspenso, suítes duplex, com mais de um quarto e sala de estar/jantar. A metragem pode chegar a 59m².

Vale lembrar que os preços variam de acordo com o tipo de cabine, a localização no navio e a temporada do cruzeiro. Nesta temporada de cruzeiros pela América do Sul, o MSC Grandiosa oferta cruzeiros de sete noites a partir de R$ 4.500 por hóspede e minicruzeiros de três a cinco noites a partir de R$ 2.000 por pessoa. Todos com possibilidade de pagamento em até 12x sem juros e com todas as taxas inclusas.

Para quem turista pelo litoral brasileiro, principalmente no Nordeste, e está mais acostumado a frequentar hotéis all inclusive, em que a grande maioria dos serviços é disponível num pacote comum a todos os hóspedes, pode estranhar um pouco como as coisas funcionam no cruzeiro. No Grandiosa, os passageiros são divididos em categorias de exclusividade: Bella, Fantastica, Aurea ou Yacht Club (em ordem crescente de privilégios). Então é comum o garçom solicitar o cartão de acesso sempre que você pedir um drink, para verificar se o seu acesso já pagou por aquilo ou se precisará fazer um embolso à parte. As categorias não só limitam o desfrute de restaurantes e espetáculos, como também espaços específicos no cruzeiro são reservados de acordo com seu nível de exclusividade.

Na experiência Fantastica, por exemplo, você pode escolher sua cabine e optar por tomar o café da manhã nela. Já na Aurea, o serviço de quarto é 24h, além de acesso exclusivo a um solário, massagem e embarque prioritário, entre outros benefícios.

O perfil mais luxuoso certamente é o Yacht Club, com uma série de regalias às quais os demais passageiros não têm direito. Para começar, lá tem serviço de mordomo 24h e as próprias escadas Swarovski. Além de acesso total à suíte termal do cruzeiro; pacote premium extra drink; internet ilimitada; sun deck fechado com piscina, hidro, solário e bar privativos; restaurante gourmet exclusivo; shows com música ao vivo todas as noites; todos as apresentações do navio liberadas; possibilidade de fazer uma sessão de compras e excursões privativas; sete opções de cabines; roupas de cama em algodão egípcio e um “menu de travesseiros”; banheiros de mármore e mini bar de cortesia. O objetivo é vender luxo, exclusividade, privacidade, personalização e refinamento. Parece mesmo um outro navio dentro do navio. A experiência na América do Sul custa a partir de R$ 11.690 por pessoa, durante sete noites.

Outros dados de destaque

  • A MSC Cruzeiros é uma companhia global de cruzeiros, que conta hoje com 23 navios. É a terceira maior marca de cruzeiros do mundo e líder na Europa, América do Sul, região do Golfo e África Austral;
  • A MSC tem um cruzeiro que em quatro meses dá a volta ao mundo, o MSC World Cruise;
  • O MSC Grandiosa alcança até 22,2 nós (aproximadamente 41,11 km/h) de velocidade, sob a batuta do comandante Giuseppe Galano;
  • Os nomes dos artistas plásticos renomados dos 15 andares são: Picasso, Caravaggio, Da Vinci, Michelangelo, Monet, Van Gogh, Miró, Dalí, Raffaello, Goya, Magritte, Cézanne, Velázquez, Gauguin e Degas;
  • O navio conta com 11 restaurantes, entre eles o Jean-Philippe Chocolat & Café, Hola! Tacos & Cantina, L'Atelier Bistrot, Marketplace (buffet) e Purple Crab; além de 21 bares e lounges;
  • Todas as cabines vêm com a ZOE, IA alto-falante via Bluetooth;
  • A companhia tem um aplicativo próprio com o itinerário pessoal e a programação do navio, o MSC for Me;
  • Telas de toque interativas com a programação e o mapa do navio estão por todo a embarcação;
  • Tem espaço para Karaokê;
  • Tem um bar só de champagne e espumantes diversos, que são acompanhados de caviar, ostras e outros petiscos finos;
  • Treinamentos de emergência são diários e obrigatórios e avisados pelo comandante nos alto-falantes de todo navio (assim como o piloto dos aviões faz avisos durante um voo);
  • A companhia usa seis idiomas principais para suas comunicações: inglês, italiano, alemão, francês, espanhol e português (Brasil);
  • Animais não são permitidos a bordo, exceto no caso de cães para assistência e mediante autorização;
  • É possível deixar as crianças a bordo enquanto os pais desembarcam para uma excursão;
  • As privadas têm descargas de sucção, assim como nos aviões;
  • O navio é ecofriendly, com Sistema de Redução Catalítica Seletiva (SCR), que reduz o óxido de nitrogênio, transformando-o em água e nitrogênio. Além disso, ele possui o Sistema Avançado de Tratamento de Águas Residuais (AWT), que purifica e filtra a água de esgoto;
  • Segundo a MSC, o objetivo da companhia é fazer com que as operações marítimas atinjam zero emissões líquidas até 2050;
  • A MSC Foundation, organização sem fins lucrativos, ajuda populações atingidas por desastres em comunidades vulneráveis em todo o mundo, com educação, desenvolvimento sustentável e programas médicos humanitários;
  • E o melhor mesmo é embarcar quando o tempo estiver ensolarado. Relatos sinceros de quem usou a piscina principal, momentos antes de uma tempestade, levam a crer que o modo piscina de ondas teria sido ativado (mas esse modo não existe);
  • No site da MSC Cruzeiros (www.msccruzeiros.com.br) é possível ver um mapa detalhado de todos os decks, tour em 360º das instalações, itinerários completos, valores e serviços inclusos em cada perfil de acesso e informações sobre o navio e a empresa em geral.

 

* A jornalista viajou a convite da MSC 

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