O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, disse em entrevista exclusiva à AFP que espera uma grande ofensiva russa no norte e leste do país com o objetivo de ocupar a cidade de Kharkiv, região onde Moscou continua neste sábado(18) sua ofensiva iniciada em 10 de maio.
A ofensiva russa "pode consistir em várias ondas. Houve uma primeira onda", disse Zelensky na sexta-feira, após Moscou alcançar suas maiores conquistas territoriais desde o final de 2022.
No entanto, garantiu que, apesar dos avanços russos nos últimos dias, a situação para suas forças está melhor do que há uma semana.
Segundo Zelensky, a Rússia pretende tomar a capital regional Kharkiv, a algumas dezenas de quilômetros do front, após fracassar em uma primeira tentativa em 2022.
No entanto, o presidente russo Vladimir Putin afirmou na sexta-feira que não tem intenção de atacá-la "por enquanto".
- Cerca de 10.000 evacuados -
Zelensky reconheceu à AFP que muitas de suas brigadas estão vazias.
Diante da falta de soldados, Kiev votou uma polêmica lei que reduz a idade dos 27 para 25 anos para acelerar a mobilização militar, e que entrou em vigor este sábado.
Também promulgou uma lei que permite o recrutamento de prisioneiros em troca de liberdade condicional.
Em relação aos aliados ocidentais, lamentou que dispõe apenas de um quarto dos sistemas de defesa aérea solicitados e que também necessita entre 120 e 130 aviões de combate F-16.
Enquanto isso, no nordeste da Ucrânia, quase 10.000 pessoas foram evacuadas desde o início da ofensiva na região de Kharkiv.
"No total, 9.907 pessoas foram evacuadas", disse o governador Oleg Synegubov, ao informar que as forças ucranianas repeliram duas tentativas inimigas de romper suas defesas durante a noite.
Dois civis, de 70 e 83 anos, morreram enquanto saíam de carro de Vovchansk, disse o promotor da região.
- Reforço das fronteiras -
Um pouco mais ao oeste, as forças russas avançaram no segundo eixo de ataque à região. O alvo é a localidade de Lukyantsi, para abrir caminho em direção a Lipsi, outra cidade da região de Kharkiv.
Na sexta-feira, o Exército reivindicou a tomada de 12 cidades da região em uma semana.
Com 257 km conquistados na região de Kharkiv, segundo uma análise da AFP baseada em dados do Instituto Americano para o Estudo da Guerra, Moscou alcançou em uma semana suas maiores conquistas territoriais desde o final de 2022.
Na tarde de sexta-feira, novos ataques russos em Kharkiv deixaram pelo menos três mortos e 28 feridos, segundo dados fornecidos pelo prefeito, Igor Terekhov.
Neste sábado, a Rússia acusou o regime de Kiev de lançar "bombas guiadas Hammer, de fabricação francesa, e mísseis antirradar HARM, de fabricação americana," na região russa de Belgorod, fronteira com a Ucrânia.
Diante da intensificação do conflito, a Polônia anunciou que vai investir mais de 2,5 bilhões de dólares(quase 13 bilhões de reais na cotação atual) na segurança e fortificação de sua fronteira com a Rússia e Belarus, que marca também o limite oriental da União Europeia.
Este "reforço de 400 quilômetros na fronteira (…) será um elemento de dissuasão e uma estratégia para repelir a guerra em nossas fronteiras", declarou o primeiro-ministro Donald Tusk, cujo país teme ser o próximo alvo de Moscou.
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