A defesa da ativista e especialista em temas militares Rocío San Miguel denunciou como "desaparecimento forçado" a sua prisão, ocorrida no último dia 9 por suposta conspiração contra o presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, levou mais de 48 horas para anunciar, no X, que Rocío estava presa, sem dizer onde nem em que condições.
A publicação “não nos diz que órgão policial a prendeu, sob ordem de que tribunal ela está nem que promotor conduz a investigação", criticou hoje o advogado de defesa Juan González Taguaruco. “Também não sabemos o local de detenção. Visitamos alguns centros de reclusão e em nenhum nos dão uma resposta positiva. Podemos definir que esta situação corresponde a um caso de desaparecimento forçado.”
Tampouco foi possível retomar o contato com a filha de Rocío, que a acompanhava no momento da prisão, no principal aeroporto da Venezuela.
Segundo Tarek Saab, a prisão ocorreu "em virtude de um mandado de prisão contra ela por suspeita de estar ligada a uma trama de conspiração e tentativa de magnicídio cujo objetivo era atentar contra a vida do chefe de Estado, Nicolás Maduro, e de outros funcionários do alto escalão".
O governo venezuelano, que denuncia com frequência planos contra Maduro, diz ter neutralizado "cinco conspirações” em 2023, nas quais são apontados militares, jornalistas e defensores dos direitos humanos.
ONGs e opositores questionaram a prisão da advogada Rocío, 57, que ganhou em 2018 uma causa contra a Venezuela perante a Corte Interamericana de Direitos Humanos por violação de direitos políticos e de expressão, após a sua demissão de uma entidade pública por ter apoiado, em 2003, um referendo revogatório contra o então presidente, Hugo Chávez (1999-2013).
A Venezuela tem 261 “presos políticos”, incluindo 18 mulheres e 146 militares, segundo a ONG Foro Penal.
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