A decisão do decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Marco Aurélio Mello, acatando pedido feito pelo estado do Maranhão para obrigar o governo a fazer o Censo Demográfico neste ano poderá ter um efeito positivo para a economia, na avaliação do ex-presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Paulo Rabello de Castro. Segundo o economista, além de necessário para o mapeamento da sociedade brasileira, “o Censo virou um auxílio emergencial e poderia entrar na conta desse benefício, porque vai sair praticamente de graça”.
Em entrevista ao Blog do Vicente, Rabello de Castro, lembrou que, em geral, os recenseadores são jovens sem renda prévia, que poderiam se enquadrar em uma categoria especial do auxílio, mas com uma remuneração ao trabalharem temporariamente para o IBGE. “O Censo começa com uma atividade social relevante, porque poderá empregar mais de 200 mil jovens recenseadores, com um custo baixo. Ainda que o governo jogasse os dados fora, o Censo é positivo pela movimentação de riqueza que terá como atividade produtiva”, complementou.
No ano passado, o Censo não foi realizado por conta da pandemia da covid-19 e, neste ano, foi cancelado ao ter a verba de R$ 3,4 bilhões cortada nas negociações entre o governo e o Centrão para aprovar o Orçamento de 2021. Agora, com a decisão de Marco Aurélio, deve voltar aos planos oficiais.
A pesquisa é realizada a cada 10 anos para fazer uma radiografia da sociedade brasileira, e é importante para os governos federal e regionais, pois ajuda na elaboração de políticas públicas. Sem o Censo, especialistas alertam para vários “apagões estatísticos” do país, que podem ter efeitos negativos no embasamento dessas políticas.
“A decisão do ministro Marco Aurélio foi correta, porque recompõe a necessidade da realização do Censo”, afirmou Rabello de Castro, acrescentando que, como estamos em abril, ainda dá tempo de o IBGE se organizar para contratar e treinar os profissionais para que a pesquisa seja realizada no segundo semestre.