postado em 16/02/2011 08:30
A votação do salário mínimo dividiu o PSDB. A ala do partido mais ligada ao candidato à Presidência derrotado em 2010, José Serra, prega que os tucanos lutem ;até o fim; por um piso de R$ 600. Apesar de terem a consciência de que a aprovação de qualquer valor acima dos R$ 545 propostos pelo governo representará a primeira vitória da oposição no Congresso, parte do PSDB assumiu como coerência partidária bater na tecla dos R$ 600 e se recusa a engrossar as fileiras dos parlamentares rebeldes da base que apoiam os R$ 560 ; há ainda uma terceira proposta, de R$ 580.A corrente que defende a renovação da imagem tucana, com a aproximação dos movimentos sociais, no entanto, entrou em acordo com as centrais sindicais, que encontraram no patamar de R$ 560 um valor ;viável; para o reajuste do mínimo. Aliado na campanha presidencial, o DEM também fechou questão em torno dos R$ 560. ;Vamos conquistar votos de deputados que são independentes e que acreditam que é possível conceder R$ 15 a mais para o trabalhador;, afirmou o líder do DEM na Câmara, Antônio Carlos Magalhães Neto (BA). ;Nós queremos um salário mínimo maior. Não será uma derrota para a presidente Dilma Rousseff, é uma justiça para o trabalhador;, reforça o deputado Onofre Agostini (DEM-SC).
Mas a ala serrista do PSDB teme que abrir mão dos R$ 600 e encampar a bandeira alternativa das centrais sindicais seria colocar a imagem do colega tucano em xeque. O valor proposto por Serra durante a campanha presidencial foi questionado por técnicos e estudiosos do Orçamento da União. Eles argumentavam que a Previdência e as prefeituras não comportariam o impacto de um salário mínimo de R$ 600.
Aliados do ex-presidenciável temem que, se o PSDB abandonar agora a bandeira dos R$ 600, a proposta de Serra pode soar como irresponsável e eleitoreira. ;É um compromisso de campanha, nós temos o dever de sustentar a proposta. A imagem do partido é essencial. Não podemos estabelecer rupturas de compromissos de campanha, pois perderemos a credibilidade;, defende o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
Em outra frente tucana, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), atento ao futuro do partido, tenta canalizar a insatisfação dos movimentos sindicais com a política do governo para o piso, fechando acordo com as centrais pela união da oposição com a bancada trabalhista da Câmara para derrotar o Planalto e aprovar o mínimo de R$ 560. ;As centrais trazem um apelo aos partidos de oposição, para unificar (as propostas) em R$ 560. Vou levar à bancada um plano B. Derrotada essa proposta (de R$ 600), os partidos de oposição não deveriam se dispersar, mas encontrar consenso;, ponderou Aécio.
Sindicatos
O gabinete do senador mineiro foi tomado ontem por líderes de diversos seguimentos sindicais, levados pelo presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP). Os representantes das centrais foram pedir a Aécio apoio na proposta dos R$ 560. O presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), porém, não cogitou a ideia encampada pelo colega mineiro e afirmou que o partido definiu entendimento no encontro da bancada na Câmara de que os tucanos apoiarão os R$ 600, sem possibilidade de plano B. ;Na reunião da bancada ficou fechado que todo mundo trataria dos R$ 600 e não haveria outra alternativa. Não tenho informação sobre a última reunião. O importante é que os trabalhadores saiam vitoriosos;, afirmou Guerra.