Ivan Iunes
postado em 21/01/2011 08:47
O orçamento de três estatais do Nordeste transformou-se na disputa da hora por cargos no segundo escalão da Esplanada dos Ministérios. Em que pese a decisão do Palácio do Planalto de esfriar as nomeações até o mês que vem, o montante somado pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf) e Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) coloca em rota de colisão legendas da bancada governista. Ao todo, os três órgãos têm orçamento para investimentos e financiamento de R$ 22,8 bilhões.Desde que a temporada de caça pelas estatais e órgãos do segundo escalão teve início, a disputa deflagrada provocou divisões até dentro do mesmo partido (Leia na página 4). Para tentar pender a balança, as bancadas adotaram a estratégia de se reorganizarem em blocos estaduais, e não mais partidários. Na quarta, os 22 deputados cearenses, três senadores e o governador, Cid Gomes, fecharam uma lista com as prioridades para os cargos federais em aberto no estado. As indicações entregues ao ministro Antônio Palocci, da Casa Civil, são direcionadas, principalmente, ao Dnocs e ao BNB.
Donos de orçamentos pujantes, o departamento e o banco de investimentos são hoje controlados pelo PMDB e o PT, respectivamente. No caso do Dnocs, os peemedebistas do Ceará pretendem nomear César Pinheiro para o posto hoje ocupado por Elias Fernandes, indicação do líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). A presidente Dilma Rousseff já teria inclusive informado ao ministro da Integração, Fernando Bezerra, que o acordo para o Dnocs foi firmado para indicação do partido da base aliada, não especificamente a escolha de Alves. O líder, no entanto, garante que o apadrinhado permanecerá no cargo sob cobiça dos cearenses. ;O Dnocs foi para a área de influência do Rio Grande do Norte depois de 50 anos ocupado pelo Ceará, e isso faz dois anos. É legítima a manutenção do posto pelo nosso estado;, defende Henrique.
Influência
Depois de uma reunião com ministros, senadores e governadores do PSB, Cid Gomes teve encontro reservado com Michel Temer para tratar da substituição no Dnocs. O pedido era para que o vice-presidente convencesse Alves a aceitar a indicação do PMDB-CE. O outro posto reivindicado pela bancada do Ceará, a presidência do BNB, deve ficar com o PT no estado. O atual titular, Roberto Smith, conta com o apoio dos petistas, mas Dilma teria pedido a sugestão de outros nomes, já que ele está no cargo há oito anos. Outra razão para a presidente aventar a possibilidade de troca é o fato de o presidente ter sido indicado por José Nobre Guimarães (PT-CE) e ela desejar transferir a indicação para outros parlamentares do partido no Ceará.
Hoje sob zona de influência do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), a Chesf também passará por mudanças, a depender da vontade de Dilma. Ela solicitou a substituição de toda a diretoria da estatal, hoje compartilhada entre PSB e PT, com duas indicações cada, e o PMDB, que tem um apadrinhado. Como a companhia energética tem importância elevada para o abastecimento das regiões Nordeste e Centro-Oeste, a presidente pediu que o perfil técnico da atual diretoria fosse mantido, mas com novas indicações. A tendência é de que as nomeações só sejam confirmadas depois de 1; de fevereiro, data marcada para a eleição da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados.