Correio Braziliense
postado em 09/07/2020 20:27
Nesta semana, as redes sociais foram tomadas de denúncias feitas por clientes do Nubank e da PicPay que haviam recebido o auxílio emergencial por meio das instituições. Segundo as reclamações, o dinheiro havia desaparecido das contas, sem explicações.As reclamações começaram na noite de terça-feira (7/7). Na quarta (8/7), o assunto se tornou um dos mais comentados do Twitter no Brasil, com as hashtags #nubankdevolvemeudinheiro e #picpaydevolvemeudinheiro figurando entre os assuntos mais comentados.
SUMIU COM O MEU DINHEIRO
Eu tinha R$329,59 na minha conta e meu saldo ZEROU e apareceu esse AJUSTE REALIZADO NEGATIVO.
Eu não fiz nenhum pagamento.
AJUSTE DE QUE?
ONDE ESTÃ O MEU DINHEIRO, NUBANK?
ESSE É O DINHEIRO DO MEU SALÃRIO
Não tive nenhuma resposta até agora.%u2014 Thayla Jamus (@thaylajamus)
O uso das carteiras digitais para movimentação dos R$ 600 têm se tornado comum, já que a Caixa só libera as transações de saque e transferência dias depois de realizar o depósito para os beneficiados. Assim, muitas pessoas utilizam o recurso disponível por meio dessas plataformas de depósito por boleto, criadas com a promessa de driblar as altas taxas de transferências para outros bancos, os de tipo DOC e TED. Como a Caixa permite o pagamento de boletos pelo próprio aplicativo CaixaTem, a transferência pôde, então, ser realizada para a conta do beneficiário antes do prazo estipulado pela Caixa.
De quem é a responsabilidade?
Contudo, após feita a transação do dinheiro e ele ter entrado na conta do trabalhador, o valor acabou desaparecendo e, em alguns casos, a conta foi completamente zerada. Tomando conhecimento do problema, a fintech Nubank veio a público explicar o que havia acontecido e atribuiu o problema a uma instabilidade no sistema da Caixa. O mesmo fez a PicPay.
Segundo o Nubank, alguns boletos do banco estatal, pagos entre abril e junho, haviam sido creditados em quantias a mais. Ou seja, pessoas que deveriam receber uma transferência de R$ 300, por exemplo, estavam recebendo um valor superior. Por causa disso, "e como boa prática de mercado", segundo a empresa, a quantia começou a ser corrigida e, consequentemente, o dinheiro foi retirado da conta desses clientes. Entretanto, tais usuários apontaram incoerências nessa subtração.
Pressionado, o Nubank interrompeu imediatamente a devolução dos valores à Caixa e reembolsou os clientes que se sentiram prejudicados. A empresa aguarda um posicionamento da Caixa.
Da mesma forma, a PicPay atribuiu o problema às transferências relativas ao auxílio emergencial de R$ 600 e, ao contrário do Nubank, delegou à Caixa a responsabilidade de estornar o dinheiro aos seus clientes. "Milhões de usuários concluíram a transferência do benefício para o PicPay com sucesso. Porém, por instabilidade do CaixaTem, algumas transações não foram concluídas. Nesse caso, pedimos que tente novamente e, se o valor já foi debitado, seu estorno é realizado pela Caixa", escreveu a PicPay no Twitter.
Caixa nega os problemas
A Caixa Econômica Federal (CEF) afirmou nesta quinta-feira (9/7) que não é a responsável pelo "sumiço de dinheiro" do auxílio emergencial. De acordo com o vice-presidente de Tecnologia do banco, Claudio Salituro, quando o dinheiro sai da estatal e vai para alguma outra instituição financeira, assim que o dinheiro entrou na conta do cliente, a responsabilidade é do beneficiário e da empresa que recebeu o crédito.
Segundo Salituro, alguns clientes fizeram uso do mesmo código de barras mais de uma vez. E, por isso, as fintechs perceberam que havia vários pagamentos com o mesmo valor e o mesmo código de barras e verificaram se aqueles boletos estavam em duplicidade. Isso motivou uma apuração do banco responsável pelo boleto, após estímulo feito pela Caixa, no qual notou que não existia nenhum problema.
Saiba Mais
Nubank e PicPay, por sua vez, mantêm o crédito da falha a um problema de tecnologia da Caixa. As empresas disseram que o dinheiro teria sido debitado das contas dos clientes porque a Caixa havia sinalizado um depósito em duplicidade que precisava ser corrigido.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.