Economia

Cenários estão desatualizados, diz Banco Central

Projeções do Relatório de Inflação divulgadas hoje já estão defasadas, de acordo com autoridade monetária, porque os riscos aumentam diariamente devido à pandemia

Correio Braziliense
postado em 26/03/2020 13:46

Roberto Campos NetoAo comentar sobre a revisão das previsões macroeconômicas no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o diretor de Política Econômica do BC, Fabio Kanczuk, admitiram que os cenários estão desatualizados. Contudo, evitaram fazer projeções mais em linha com o mercado, que já está prevendo recessão este ano em função dos impactos da pandemia de Covid-19, provocada pelo novo coronavírus. Contudo, ambos admitem que os riscos têm aumentando diariamente e estão sendo monitorados.

 

Conforme o relatório divulgado nesta quinta-feira (26/3), o BC reduziu a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,2% para zero, considerando o cenário básico até última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada na semana passada. “Os cenários estão sendo revisados com uma velocidade muito grande. E fizemos um corte até a data do Copom”, explicou Kanczuk. Ele admitiu que até o cenário do IBC-Br, que registrou alta de 0,24% no PIB de janeiro, “está defasado”, mas evitou fazer novas projeções.

 

O diretor do BC acrescentou que a situação para os países emergentes tende a ficar mais preocupante, com um aumento expressivo dos riscos. “O cenário para as economias emergentes se tornou desafiador”, afirmou. “Há um aumento imenso na variância dos cenários, engordando a cauda das previsões mais pessimistas”, disse ele, acrescentando que também está engordando nesse período de confinamento. 

 

Saiba Mais

Algumas projeções de queda no PIB deste ano não param de ser revisadas para baixo. O economista José Luis Oreiro, professor da Universidade de Brasília (UnB), mudou de 10% para 15% a estimativa de queda do PIB neste ano.

 

O secretário estadual da Fazenda de São Paulo, Henrique Meirelles, prevê retração de 10% no segundo trimestre deste ano devido à pandemia do novo coronavírus. “Depois disso, pode haver uma recuperação diminuindo o percentual para o ano, mas a queda do PIB poderá ser entre 3% e 5%, dependendo da velocidade da recuperação”, explicou o ex-ministro da Fazenda ao Correio. “Penso 3% é a queda mais provável hoje, mas isso muda a cada semana ou dia”, completou.

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