Diversão e Arte

Memórias sobre Paulo Leminski serão lançadas na Bienal do Livro do DF

Escrito por Domingos Pellegrini, o livro será publicado sem a autorização das herdeiras

postado em 08/04/2014 08:39
A relação de Paulo Leminski com o alcoolismo é alvo de polêmica
Que a história da vida do poeta curitibano Paulo Leminski clama por um livro é um fato incontestável. Mas a publicação de biografias do ícone da contracultura tem desagradado às herdeiras, que vetaram duas obras, uma delas do escritor, também curitibano, Domingos Pellegrini. No ano passado, Alice Ruiz, Estrela Ruiz e Áurea Leminski declararam a proibição, mas o autor resolveu divulgar a biografia pela internet e enviou carta ao Supremo Tribunal Federal justificando a decisão. O próximo passo de Pellegrini é lançar o livro, mesmo sem a autorização das herdeiras. Ele e a editora Geração Editorial resolveram assumir o risco do embargo e confiam que haverá um consenso, tanto no STF quanto no Congresso Nacional, e não será mais preciso autorização de biografado ou herdeiros para publicação de biografias. Minhas lembranças de Leminski será lançado na sexta-feira (18), na II Bienal Brasil do Livro e da Leitura, em Brasília.

;O livro nem é exatamente uma biografia, mas um misto de minhas memórias com Leminski, amigo com quem convivi, e observações de psicologia, sociologia, crítica literária e clínica médica (nisto, analisando seu alcoolismo, com informações médicas precisas e com dignidade). Mas a família herdeira quis obstar isso, como se todos não soubessem que Leminski morreu de cirrose agravada por hemorragia hepática, como também não há quem desconheça que Roberto Carlos tem perna mecânica, o que não os desmerece nem como artistas nem como pessoas. Pelo contrário;, disse o autor no documento enviado ao STF em outubro do ano passado.



Procuradas pelo Correio, as herdeiras garantiram que mantêm a postura de desautorizar a publicação da biografia de Leminski, conforme já haviam manifestado em nota de esclarecimento à imprensa divulgada no ano passado. No documento, Alice trata do ponto específico da obra de Pellegrini: ;A ênfase no álcool, sua leitura de uma ;precariedade; de bens em nossa casa (você nunca ouviu falar em contracultura?) as observações exageradas sobre ;falta de banho;, que corresponde a um período de maiores excessos, mas que foi superada, enfim, tudo isso serve para criar uma imagem bem negativa do Paulo em contraponto à sua, que aparece como o interlocutor por excelência e cheio das qualidades que supostamente ;faltavam; a ele. (;) Achamos ; nós três ; que, se você estiver disposto a ;ressuscitar; o Dinho, aquele cara que era amigo do Paulo, deixando o ego de lado, e revendo essas questões, o livro merece ser publicado. Caso contrário, não poderemos autorizar, nem a publicação das imagens nem a publicação dos inúmeros textos dele. (...);

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