Belo Horizonte ; A idade chega para todos e, com ela, a preocupação em relação ao bem-estar emocional e físico. Entre os cuidados que devem ser tomados por idosos, um que merece atenção especial é a saúde bucal. Dados fornecidos pela Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2013, apontam que 41,5% das pessoas acima de 60 anos já perderam todos os dentes. ;Infelizmente a população brasileira não tem uma cultura de cuidados odontológicos desde cedo. Achamos que perder os dentes ao longo da vida é algo normal. No entanto, se tivermos a devida atenção, há uma grande possibilidade de chegarmos à terceira idade com os dentes na boca;, explica Regina Bregalda, especialista em implantodontia pelo Grupo de Apoio à Pesquisa Odontológica nas Faculdades Unidas do Norte de Minas (GAPO/Funorte).
Perder os dentes não caracteriza doença bucal, mas a consequência de uma. Engana-se quem pensa que as cáries são doenças exclusivas da infância. ;A cárie dentária persiste como o principal problema bucal também na terceira idade;, afirma o doutor em odontologia e especialista em odontogeriatria Marco Túlio de Freitas Ribeiro. A cárie pode ser definida como desequilíbrio do processo de desmineralização dos dentes, com perda de minerais e formação de cavidades dentárias. Inicialmente, quando ainda está em nível do esmalte, é assintomática, mas, a partir do momento que atinge a dentina, pode provocar dor. Os primeiros sinais podem ser manchas brancas.
O especialista explica que os dentes perdem e ganham mineral todo o tempo e que a saliva tem fundamental importância nesse processo. Sendo assim, alterações na produção do fluxo salivar, condição comum em idosos, estão diretamente relacionadas ao aparecimento da cárie nessa faixa etária. ;O ressecamento da mucosa dificulta a autolimpeza dos dentes, aumentando o risco desse problema;, diz.
Outra condição muito comum na velhice é a doença periodontal. As gengivas vermelhas e inchadas são os principais sintomas dessa patologia, causada pelo acúmulo de placa bacteriana ao redor dos dentes. O quadro clínico pode evoluir para halitose, dificuldade para mastigar e a até a perda da dentição. Essas doenças são determinadas por fatores genéticos, porém estão também associadas à dificuldade que muitos idosos têm de manter uma boa higiene bucal. O tratamento consiste em limpeza da boca para retirada do fator irritante da gengiva ; o tártaro. Em alguns casos, pode ser necessária uma cirurgia para limpar também a raiz do dente.
O câncer bucal é frequente entre as pessoas de idade mais avançada. O mal tem como principais fatores de risco o fumo e o álcool e também pode levar à perda de dentes e afetar outras estruturas, como a língua. ;As consequências dependem do grau da lesão no momento do diagnóstico, da gravidade do câncer e do tratamento;, explica o odontogeriatra.
Consequências
A falta de dentição pode causar uma mastigação deficitária, levando a uma ingestão inadequada dos alimentos. Essa situação pode levar a um quadro de desnutrição que fragiliza o sistema imunológico, deixando os idosos mais propensos às doenças infecciosas. ;A digestão começa com uma boa mastigação, o que é impossível sem a presença de dentes na boca. O alimento é mal mastigado e mal digerido, e os nutrientes não são bem absorvidos pelo organismo;, afirma Regina Bregalda.
A matéria completa está disponível , para assinantes. Para assinar, .