Cidades

Bispo e juiz eclesiástico presos em Formosa pedem habeas corpus no STF

Após ter análise do pedido de habeas corpus negada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), os advogados dos suspeitos buscaram outra instância

Luiz Calcagno, Flávia Maia, Walder Galvão - Especial para o Correio
postado em 28/03/2018 12:13
A dupla e outras sete pessoas são acusadas de desviar mais de R$ 2 milhões das paróquias vinculadas à Diocese de Formosa desde 2015
A defesa do bispo dom José Ronaldo Ribeiro e do juiz eclesiástico padre Tiago Wenceslau, presos durante a Operação Caifás, que investiga desvio de dinheiro da Igreja Católica de Formosa, entrou com pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF). É a segunda vez que os réus tentam a liberação do Presídio de Formosa (GO), onde estão presos desde o dia 19 de março.
Após ter análise do pedido de habeas corpus negada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) na última terça-feira (27/3), os advogados dos suspeitos impetraram o recurso em outra instância judicial, o STF. O ministro Edson Fachin ficará à frente da decisão. O ministro Dias Toffoli foi o primeiro designado a cuidar do recurso, mas alegou suspeição por foro íntimo, ou seja, afirmou que questões pessoaiso impedem de julgar o pedido da defesa.
O STF recebeu a solicitação nessa terça-feira (28/3), após o ministro Felix Fischer, do STJ, encaminhar o pedido de habeas corpus para avaliação do TJGO. A dupla e outras sete pessoas são acusadas de desviar mais de R$ 2 milhões das paróquias vinculadas à Diocese de Formosa desde 2015. Segundo a denúncia apresentada pelo Ministério Público de Goiás (MPGO), o bispo é um dos líderes do esquema e o juiz eclesiástico foi convidado por ele para intimidar padres contrários aos desvios.

No dia 23 de março, a Justiça goiana converteu a prisão provisória dos réus em preventiva aceitando os argumentos do Ministério Público que, em liberdade, os acusados podem atrapalhar as investigações ainda em curso.

Mais recursos

Outros seis denunciados também tiveram o pedido de habeas corpus negados pelo TJGO. Continuam presos o monsenhor Epitácio Cardozo Pereira, vigário-geral da Diocese de Formosa; os padres Moacyr Santana, pároco da Catedral Nossa Senhora Imaculada Conceição de Formosa; Mário Vieira de Brito, pároco da Paróquia São José Operário de Formosa; Waldson José de Melo, pároco da Paróquia Sagrada Família de Posse (GO), e os empresários Antônio Rubens Ferreira, e Pedro Henrique Costa Augusto, apontados como laranjas da quadrilha. Apenas o secretário da Cúria de Formosa, Guilherme Frederico Magalhães, reponde em liberdade desde sexta-feira (23/3), quando a prisão dos réus passou de temporária para preventiva, que não prevê prazo para soltura.
Em 19 de março, a Operação Caifás, do Ministério Público de Goiás (MPGO), resultou na prisão de nove pessoas acusadas de desviar dinheiro de paróquias vinculadas à Diocese de Formosa. Até o momento, os investigadores dizem ter comprovado a compra de uma fazenda de gado em Formosa, uma lotérica em Posse (GO), duas caminhonetes, joias e moedas estrangeiras. Os itens estão avaliados em ao menos R$ 1,4 milhão. Durante a execução dos mandados, agentes apreenderam R$ 156 mil em espécie - R$ 8 mil em moeda estrangeira. Os relógios de marca encontrados estão sendo avaliados para estimar o valor de cada peça.
Por causa do escândalo, o papa Francisco ordenou a abertura de uma investigação por parte da Igreja Católica brasileira. O MPGO entregou uma cópia do inquérito à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A apuração da Santa Sé não tem prazo. No entanto, admite o afastamento imediato e a expulsão, caso seja comprovada a culpa, de dom José Ronaldo Ribeiro. Para manter as atividades da Igreja na região e tranquilizar os fiéis, Francisco nomeou o arcebispo de Uberaba (MG), dom Paulo Mendes Peixoto, administrador apostólico da diocese de Formosa. Ele assumiu a função na quinta-feira. Ao Correio, disse estudar uma auditoria pública nas contas da diocese de Formosa.

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