Renato Alves
postado em 22/06/2012 07:00
João Leandro Lourenço pouco estudou. Aprendeu a escrever o nome aos 12 anos, com ajuda da avó. Sem dinheiro para lápis e caderno, ela riscava as letras na areia dos fundos do pequeno sítio onde a família morava, em Baturité, norte do Ceará. João não tem diploma nem guarda documento de colégio. Aliás, a escola rural que frequentava nem existe mais. Mas nada disso o envergonha. Ouvindo, lendo e observando muito, aprendeu quase tudo sobre Brasília a ponto de se tornar um dos mais requisitados guias turísticos da capital. Há 45 anos, ensina sobre a história, a geografia, a cultura e a arquitetura do Distrito Federal. E, aos 80 anos, não pensa em aposentadoria.
Apesar da fama, não adianta procurar por João Leandro Lourenço em qualquer hotel, agência de viagem ou ponto turístico de Brasília. Todos o conhecem por João do Paletó. Apelido adquirido desde que decidiu desfilar com um paletó dado por um cliente norte-americano. Coisa fina, mas nada elegante no corpo do magro cearense. ;Quem me deu o presente foi o Robert Chaplin. No fim dos anos 1960, ele e um tanto de americano se hospedavam com frequência no Brasília Palace. Tinham comprado umas terras perto do Araguaia (rio goiano). Aí, um dia, ele me perguntou qual era o meu número de roupa. Falei, mas não sabíamos que havia diferença entre a numeração do Brasil e a dos Estados Unidos. O paletó ficou gigante, mas nem liguei. Vestia até na seca, no calorão;, conta João.