Adriana Bernardes
postado em 18/09/2010 08:00
Estão nas mãos do promotor do Tribunal do Júri de Brasília Maurício Miranda novos pedidos de prisão de pessoas suspeitas de envolvimento no triplo homicídio da 113 Sul. O Correio apurou a existência de pelo menos duas medidas restritivas de liberdade. Uma delas é contra Adriana Villela, 46 anos, suspeita de envolvimento na morte dos pais José Guilherme Villela, 73, e Maria Carvalho Mendes Villela, 69. A outra é em desfavor da delegada Martha Vargas, que chefiou as investigações quando o caso ainda estava na 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul). Pesam contra ela acusações de fraude processual e denunciação caluniosa. O crime ocorreu em 28 de agosto do ano passado.Fontes policiais garantiram à reportagem que a equipe da Coordenação de Investigação de Crimes Contra a Vida (Corvida) ; chefiada pelos delegados Luiz Julião Ribeiro e Mabel de Faria ; têm indícios para levar Adriana ao banco dos réus pelo suposto envolvimento no triplo assassinato ocorrido no imóvel 601/602 do Bloco C da 113 Sul. Além do casal de advogados, perdeu a vida a principal empregada da família, Francisca Nascimento da Silva, 58 anos. Dessa vez, os policiais pediram a prisão preventiva (1) de Adriana ; e não a temporária (leia Cronologia).
Há pouco mais de um mês, a arquiteta Adriana e cinco pessoas acabaram em presídios do DF. Entre elas, o policial civil José Augusto Alves, ex-braço direito de Martha Vargas, a ex-empregada Guiomar Barbosa da Cunha, a vidente Rosa Maria Jaques e o marido dela, João Tocchetto. No último dia 2, os desembargadores da Primeira Turma Criminal do Tribunal de Justiça do DF julgaram o mérito do habeas corpus dos cinco suspeitos. Com exceção de Adriana Villela, os demais tiveram os pedidos de soltura concedidos por unanimidade.
O pedido de prisão preventiva da filha dos Villela tem com base indícios da participação dela no crime. O Correio apurou, com exclusividade, a existência do depoimento de uma nova testemunha. Trata-se do relato de uma pessoa que mora no prédio vizinho ao dos Villela. Em depoimento à Corvida, ela teria contado que viu uma mulher corpulenta dentro do imóvel no dia do triplo assassinato. Acrescentou que tal mulher estava escondida atrás de uma porta. A fonte policial não revelou isso ocorreu antes, durante ou depois do crime.
Ao aprofundar a informação, os policiais da Corvida teriam descoberto, segundo a fonte policial, que a mulher citada no depoimento da testemunha teria laços de amizade com Adriana Villela. O mesmo policial revelou à reportagem que essa mulher é monitorada desde então. Os investigadores conseguiram inclusive a quebra de sigilo telefônico dela e passaram a monitorar os diálogos. O promotor Maurício Miranda atendeu a ligação do Correio, mas evitou comentar sobre os novos pedidos de prisão. A reportagem apurou, no entanto, que a análise deve ser feita na segunda-feira.
Licença
Há duas semanas, a delegada Martha Vargas prestou depoimento na Corregedoria da Polícia Civil. Foi ouvida pelo delegado Luiz Julião. Pesam contra ela suspeitas de que a chave do apartamento dos Villela fora supostamente plantada na casa de dois moradores de Vicente Pires: Alex Peterson Soares, 23 anos, e Rami Jalau Kaloult, 28. Por causa disso, a dupla, juntamente com Cláudio José de Azevedo Brandão, 38, acabaram presos. Alex e Rami teriam confessado que o dono da chave seria Cláudio, apontado por Martha Vargas como o executor dos assassinatos.
Quando assumiram a chefia das investigações do triplo homicídio, os delegados Mabel e Julião informaram que precisavam desfazer alguns nós deixados pela investigação anterior. Um deles envolveria o episódio da chave que resultou na exoneração da ex-chefe da 1; DP (Asa Sul). Mais tarde, a Corvida recebeu um laudo comprovando a falsidade da prova, pois a chave era a mesma fotografada dentro do imóvel no dia da descoberta dos corpos das vítimas em 31 de agosto de 2009.
Além de uma possível prisão, Martha será indiciada pelos crimes de denunciação caluniosa e fraude processual. Em licença há aproximadamente quatro meses, a delegada deve retornar ao trabalho na próxima semana. O Correio ligou quatro vezes para o celular da delegada, mas ela não retornou as chamadas telefônicas.
No início da noite, o Correio fez contato com os advogados de defesa de Adriana Villela, Rodrigo de Alencastro e Eduardo Alckmin. Eles não retornaram os recados até o fechamento desta edição.
1 - Provas
A prisão preventiva é decretada quando há prova da existência do crime e indícios da autoria. Pode ocorrer em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal como um instrumento para garantir a ordem pública e assegurar a aplicação da lei penal. Pode ser decretada nos casos de crimes inafiançáveis, afiançáveis (quando o indiciado não tem residência fixa) ou nos crimes dolosos, embora afiançáveis, quando o réu tiver sido condenado por crime de mesma natureza em sentença transitada em julgado.