Doença tropical

Estudo mapeia desenvolvimento do parasita da malária

Para os cientistas, as novas informações têm o potencial de identificar estratégias para interromper o desenvolvimento do parasita, incluindo o desenvolvimento de medicamentos ou vacinas para prevenir sua transmissão

Mosquitos do tipo Anopheles são transmissores quando contaminados por protozoários do gênero Plasmodium falciparum cuja modificação genética é rápida, dificultando o controle -  (crédito: AFP)
Mosquitos do tipo Anopheles são transmissores quando contaminados por protozoários do gênero Plasmodium falciparum cuja modificação genética é rápida, dificultando o controle - (crédito: AFP)

Pela primeira vez, cientistas conseguiram mapear os estágios de desenvolvimento do parasita da malária mais letal com uma resolução sem precedentes, alcançando uma compreensão mais profunda sobre o protozoário. O estudo, publicado na revista Science, detalha os estágios críticos do desenvolvimento do Plasmodium falciparum, utilizando técnicas avançadas de sequenciamento de RNA unicelular.

O trabalho oferece uma visão minuciosa das diferentes fases de vida do parasita à medida que avança de um estágio assexuado para um estágio sexual, necessário para sua transmissão pelos mosquitos. A pesquisa conduzida pelo Instituto Wellcome Sanger, em colaboração com o Centro de Pesquisa e Treinamento em Malária (MRTC) no Mali e outros parceiros, contribui para o Atlas de Células de Malária, uma fonte de informações valiosas disponíveis gratuitamente para pesquisadores em todo o mundo.

Para os cientistas, as novas informações têm o potencial de identificar estratégias para interromper o desenvolvimento do parasita, incluindo o desenvolvimento de medicamentos ou vacinas para prevenir sua transmissão.

"O sequenciamento de RNA unicelular nos proporciona uma visão do uso do gene do parasita que não é possível com nenhuma outra abordagem, ao mesmo tempo que oferece uma compreensão muito mais clara de quão geneticamente diversos são os parasitas, mesmo dentro da mesma pessoa. O Atlas de Células da Malária é um recurso que esperamos que seja cada vez mais útil", afirmou, em nota, Mara Lawniczak, autora sênior e cientista do Instituto Wellcome Sanger.

Apenas em 2022, a malária contaminou cerca de 249 milhões de pessoas no mundo, causando 608 mil mortes.  O Plasmodium falciparum, responsável pela maioria dos casos, mostra uma rápida modificação genética, o que dificulta seu controle. Os parasitas da malária têm uma grande diversidade genética. Além disso, eles existem em formas assexuadas e sexuais no hospedeiro humano, sendo necessária a forma sexual para sua transmissão pelos mosquitos.

Para a pesquisa, os cientistas utilizaram o sequenciamento de RNA unicelular para mapear os estágios de desenvolvimento sexual de Plasmodium falciparum de maneira detalhada. O estudo incluiu amostras de sangue de indivíduos infectados, o que permitiu realizar uma comparação entre os dados de laboratório e os padrões reais de infecção.

Abdoulaye Djimdé, coautor do trabalho e membro do Centro de Pesquisa e Treinamento em Malária, da Universidade de Bamako, em Mali, frisa que compreender mais sobre o ciclo de vida do parasita, os genes envolvidos e os fatores que os controlam pode ser vital para a pesquisa contínua sobre a doença. "Nossa pesquisa destaca pontos-chave no desenvolvimento sexual do parasita, que, se direcionados no desenvolvimento futuro de medicamentos, poderiam quebrar o ciclo de transmissão e ajudar a minimizar a propagação." 

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postado em 03/05/2024 06:00
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